Supermercado prevê impacto da crise no 2º semestre de 09

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O varejo de pequeno e médio porte, que no ano passado contabilizou crescimento maior do que o visto pelas grandes redes, conforme a Associação Paulista de Supermercados (Apas), começa a analisar os impactos da crise econômica mundial, e algumas redes que atuam na área supermercadista acreditam que o maior choque nos negócios, por conta do cenário econômico externo, deverá ser sentido mais a partir do segundo semestre do ano que vem. Para algumas fontes do setor varejista, agora é o momento de repensar os investimentos para o próximo ano.

 

"O principal efeito [da crise] será a restrição de crédito, pois o nosso público [classes C, D e E] se endividou muito nos últimos dois anos. Neste ano não haverá impacto e nosso crescimento será bom, mas prevemos que no segundo semestre do ano que vem a situação mudará", analisa Eduardo Sumita, diretor de Operações da rede Supermercados Satmo, que detém quatro unidades na zona sul da capital paulista.

 

Empresa familiar cuja administração está nas mãos da segunda geração, o Satmo está no mercado há 35 anos e nos últimos cinco tem acelerado sua expansão por meio de incorporações de supermercados de bairro e abertura de novas lojas. "Nosso plano é abrir mais quatro lojas até 2011, sempre na mesma área da cidade. Não temos a pretensão de concorrer com redes como D'avó e Supermercados Nagumo, instaladas em outras regiões", afirmou Sumita.

 

O aporte para a expansão virá do próprio caixa da empresa e consumirá aproximadamente R$ 60 milhões. Hoje, a rede de Supermercados Satmo contabiliza 120 check-outs e oito mil metros quadrados de loja. Sua última aquisição foi há três anos com a compra do Supermercado Cruzadão, no bairro do Parque Santo Antônio.

 

Para potencializar seus ganhos, a pequena rede ampliará o leque de serviços ao cliente. Por meio de uma parceria com a Fininvest - que já é parceira do Satmo no cartão private label - serão oferecidas linhas de crédito ao consumidor. A empresa estima que o volume de venda com o cartão próprio já alcance cerca de 10% do seu faturamento.

 

Setor

 

No ano passado, o setor supermercadista nacional contabilizou faturamento bruto de R$ 136,3 bilhões, e, neste ano, prevê alta média de 8% nos ganhos. De acordo com João Sanzovo Neto, presidente da Apas, "o escalão formado pelas pequenas e médias empresas foi o que mais cresceu percentualmente em 2007".

 

Para 2008, uma fatia substancial dessas empresas mantém em alta a projeção de crescimento, é o caso do Supermercados Satmo, que, segundo o diretor Eduardo Sumita, crescerá 12%, número acima do crescimento médio do comércio varejista, de 10,6%, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Na avaliação de Martinho Paiva Moreira, economista e vice-presidente de Comunicação da Apas, ainda é prematuro analisar os desdobramentos da crise para o setor; entretanto, ele prevê que as redes médias, principalmente, serão impactadas. "Essas companhias deverão rever seu crescimento, pois seus planos de expansão estão calcados na verba de terceiros, necessitando da captação de dinheiro em bancos, por exemplo", apontou.

 

Segundo o economista, algumas redes que pretendiam abrir capital na Bolsa de Valores entre 2009 e 2010 também deverão desistir da empreitada. No âmbito da importação, Moreira acredita que esses produtos sofrerão com a alta do dólar. "Mesmo aqueles que foram comprados com o dólar ainda barato poderão sofrer reajuste no preço final", afirmou.

 

Entre os grandes fornecedores, como a gigante Procter & Gamble, a situação poderá ficar mais apertada. O executivo diz que "essas companhias de atuação mundial vão sofrer com a restrição no crédito e com a dificuldade de captar dinheiro".

 

Líderes

 

O impacto nos negócios das redes menores tende a ser de médio a longo prazo, mas nas grandes redes varejistas o cenário não parece ser tão otimista. É o caso da norte-americana de materiais de construção Lowe's, que continuará investindo na abertura de novos pontos-de-venda, mas seu ritmo de expansão será reduzido. A projeção é abrir em 2009 de 75 a 85 novas lojas, contra as 120 abertas neste ano. A área de vendas, porém, subirá cerca de 5%. Vale lembrar que um alto executivo da empresa esteve este mês no País para conhecer o mercado.

 

Veículo: DCI


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