O norte fluminense pode, em breve, ter uma produção de maracujás com potencial produtivo muito maior que a média nacional. Tese de doutorado defendida na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) deu origem, por meio de melhoramento genético, a genótipos de maracujazeiro amarelo ou azedo com alta produtividade e adaptadas ao norte fluminense.
O estudo foi realizado pelo engenheiro agrônomo Marcelo G. Morais, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). "O norte fluminense, embora tenha boas condições para o cultivo do maracujá amarelo, não conta com assistência técnica adequada e carece de material genético resistente a pragas e doenças. Há dificuldades, ainda, no escoamento da produção para indústrias", afirma Morais.
O agrônomo selecionou 40 genótipos de maracujazeiro amarelo. "Com esses, fizemos uma recombinação, ou seja, cruzamentos entre os genótipos selecionados, gerando uma nova população melhorada, com maior freqüência de alelos favoráveis", conta Morais
Os resultados da pesquisa são promissores. Enquanto a produtividade média nacional é de 14 toneladas por hectare, um dos genótipos obtidos na pesquisa chegou a 29 toneladas. O número de frutos também surpreendeu: "Nos oito meses em que avaliamos essa característica, um genótipo produziu 266 frutos", conta o agrônomo. Segundo ele, as variedades comerciais que se usa como base de comparação geraram 141. Outro dado comparativo: um dos genótipos obtidos na pesquisa gerou frutos com peso médio de 220 gramas, enquanto a média das variedades comerciais foi de 145.
Morais observa, porém, que os genótipos obtidos ainda não estão aptos a entrar no mercado. "Ainda há problemas a serem superados", informa. O mais grave é a virose que ataca os maracujazeiros, diminuindo a produção e o tempo de vida da planta. "Pensando nisso, estamos desenvolvendo uma parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus (BA), para cruzar o nosso material com outra espécie de maracujá resistente à virose", conta Morais. O agrônomo estima que, em seis a oito anos, há possibilidade de algumas variedades desenvolvidas entrarem no mercado.
Veículo: Diário do Grande ABC