Da capital do bode no Nordeste - Mossoró (RN) - partem toneladas de melões e melancias que vão parar nas mesas, bancas e gôndolas dos supermercados europeus. Em grande parte, as frutas que Roland Brandes, dono da RBR Trading - empresa catarinense com escritório na Holanda -, oferece aos compradores do mundo saem da produção da Agropecuária Canaã, formada por 25 famílias de assentados da reforma agrária na região.
Além do longo trajeto até chegar aos seus consumidores, os melões enfrentam a burocracia brasileira e as deficiências logísticas de um país que ainda não se adequou aos níveis de crescimento que registra. Mas se para alguns esse é um pretexto para não exportar e manter a produção no mercado interno, Rolland enxergou a oportunidade para deixar de ser um empregado para tornar-se um empreendedor.
A RBR coloca as frutas nas prateleiras de grandes redes de supermercados na Europa, como Carrefour e Cassino, na França; Lidl e Aldi, na Alemanha, Eurospin, na Itália, e ICA, na Suécia, entre outras. "Vimos nosso negócio crescer em volume de exportações e ganhar importância. Em 2008 vendemos 800 toneladas de melão para a Europa; em 2010, serão 6 mil toneladas", afirma Roland.
O negócio começou em 2006, em Santa Catarina, com a exportação de maçãs. A empresa também atua no mercado interno, mas há menos tempo. Desde 2009, iniciou a colocação dos melões da Agropecuária Canaã nos supermercados do Brasil.
Enquanto a crise de 2008 freou o crescimento de alguns setores, as exportações da RBR Trading não sofreram impacto. Para Brandes, o momento foi de aprendizado: o consumidor ficou mais cauteloso e os operadores passaram a fechar contratos de acordo com a demanda. Para concorrer, a RBR Trading mantém-se informada sobre as safras dos principais exportadores mundiais e busca maneiras de entrar com seus produtos em mercados desabastecidos.
No primeiro ano de parceria com os agricultores de Mossoró, em 2008, foram 800 toneladas de melões embarcadas rumo à Europa; em 2009, 3 mil toneladas e para 2010 a expectativa é atingir 6 mil toneladas. Desse total, as melancias representam em geral um terço dos embarques.
Para Jair Oliveira, diretor da Agropecuária Canaã, é importante para os produtores testar o cultivo de outras frutas no assentamento. Além da RBR Trading, a agropecuária conta com consultorias do Sebrae e com o apoio técnico da Embrapa para produção de frutas na propriedade. Oliveira informa que o mamão deve ser a próxima fruta a desembarcar no mercado europeu.
Apesar dos bons resultados, Brandes reclama que a falta de promoção da fruticultura no exterior e as dificuldades logísticas são os principais obstáculos do setor.
Veículo: Valor Econômico