Arrozeiros gaúchos suspendem vendas diretas

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Os agricultores gaúchos decidiram suspender as vendas diretas de arroz para a indústria por menos de R$ 30 a saca de 50 quilos e recorrer aos leilões privados nas Bolsas de Mercadorias na tentativa de forçar uma alta nos preços do produto. Eles também vão aumentar a pressão para que o governo federal "destrave" os recursos para os instrumentos de apoio à comercialização como PEP, AGF e o Programa de Aquisição de Alimentos, disse ontem o presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Rocha.

 

Os arrozeiros estão insatisfeitos com as baixas cotações do grão mesmo depois da quebra da safra gaúcha provocada pelo excesso de chuva no período de implantação das lavouras, no fim do ano passado. Segundo Rocha, representantes do setor já foram "15 vezes" a Brasília desde dezembro, mas o governo não apresentou medida de apoio aos produtores, que agora pretendem reunir 2 mil pessoas em um protesto na Assembleia Legislativa no dia 8 de julho.

 

Segundo o presidente da Federarroz, a colheita no Estado está concluída e deve ficar em 6,5 milhões de toneladas, ante 8 milhões de toneladas na safra passada. Já a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) prevê produção de 6,9 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, ou 985 mil toneladas (12,5%) a menos do que no ciclo 2008/09. O Estado responde por cerca de 60% da produção nacional do grão, que nesta safra deve cair 9,9%, para 11,4 milhões de toneladas, segundo a Conab.

 

Mesmo assim, alguns arrozeiros vêm recebendo em torno de R$ 25,50 a saca de 50 quilos, ante o preço mínimo de R$ 25,80 e o custo de produção estimado pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga), autarquia do governo estadual, em R$ 31,62 a saca, disse Rocha. Segundo a Emater-RS, o preço médio do arroz pago ao produtor no Estado caiu de R$ 31,21 em janeiro para R$ 26,60 na semana passada, um valor levemente superior aos R$ 26,16 de um ano antes.

 

Agora, com os leilões privados, os produtores poderão dar publicidade para os lotes à venda além do mercado local, disse Rocha. Ele calcula que 20% da safra gaúcha ainda está nas mãos dos arrozeiros, embora um terço da produção, segundo o presidente do Irga, Maurício Fischer, tenha sido comercializado. Isso acontece porque boa parte da colheita é depositada em armazenadores ou cooperativas antes de ser vendida, pois os produtores não têm estrutura própria de armazenagem.

 

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz), Élio Coradini, os arrozeiros são "livres" para buscar uma remuneração melhor pelo produto, mas ele considera que o patamar perseguido de R$ 30 por saca "não fecha com a realidade". O dirigente afirmou que as beneficiadoras não devem enfrentar falta de matéria-prima porque dispõem de estoques próprios e ainda podem recorrer às importações. "Conseguimos importar arroz do Uruguai e da Argentina por preços em média 5% menores do que os pagos aqui", afirmou.

 

Segundo Fischer, o país importou 387 mil toneladas do produto de janeiro a maio, alta de 5% sobre o mesmo período do ano passado.
 


Veículo: Valor Econômico


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