Os shopping centers que estão hoje em atividade são um fenômeno de elite: 79% dos seus consumidores pertencem às classes A e B. Com a maturidade do setor e a emergência de uma nova classe econômica, que, por sinal, se sente discriminada nestes grandes centros comerciais clássicos, vão começar a aparecer no país empreendimentos com novos formatos - shoppings abertos, híbridos, locais de entretenimento fechados e outros."
A previsão, feita pelo professor do curso de gestão para shopping center da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Luiz Alberto Marinho, já encontra eco em pelo menos um ponto comercial, situado na Zona Oeste de São Paulo, nas imediações do Butantã - o Center Shop Colina de São Francisco.
Bordada por extensas áreas verdes e mergulhada numa atmosfera aprazível que nem de longe lembra a caótica e poluída São Paulo, a galeria a céu aberto, com quase 30 mil metros quadrados, implantada pela Gafisa no bairro Vila de São Francisco em 1998, tem posição privilegiada - margeia uma área habitacional com cerca de 1.500 apartamentos classe A e B - e conta com produtos e serviços de primeira linha: uma lavanderia 5 à Sec, uma franquia da pizzaria Babbo Giovanni, lojas da Cacao Show, O Boticário, Estúdio de Pilates Corpo e Equilíbrio, além de agência bancária, cafés, videolocadora, salão de beleza, restaurante e drogaria, num total de 25 pontos comerciais. Sua principal aspiração: continuar sendo um ponto de conveniência para os consumidores das imediações e os quase 4.500 alunos da academia Runner, vizinha.
Além de dar aos lojistas liberdade para abrir suas portas em qualquer momento entre 9:00 e 21:00, de segunda a segunda, o Colina também dispõe de estacionamento pago para 80 veículos, mesinhas ao ar livre em áreas ajardinadas, canteiros floridos, telão de televisão e - a menina dos olhos - uma torre que imprime ao local ares de antigamente.
Não longe dali, encontra seu principal concorrente: o Continental Shopping - empreendimento em atividade há 35 anos e segundo centro de compras mais antigo de São Paulo, onde transitam, diariamente, 20 mil pessoas por 220 estabelecimentos comerciais. Nos fins de semana, nada menos que 30 mil pessoas circulam por grandes redes varejistas como a Renner, Casas Bahia, Americanas Express, Ponto Frio e outras. No piso Boulevard, com 1909 metros quadrados, são 35 prestadoras de serviço, como caixas eletrônicos, clínica odontológica e ortopédica, casa lotérica, lavanderia, entre outros.
Ainda assim, Center Shop Colina de São Francisco e Continental Shopping convivem pacificamente. Mais: parece haver lugar para ambos numa mesma área geográfica. "Shopping centers, galerias e outros formatos comerciais não são excludentes", garante Luiz Alberto Marinho, para quem "o Brasil ainda não tem, e deveria ter, uma estrutura de modelos diversificados, de maneira a atender a todas as classes sociais".
É bem verdade que há vantagens e desvantagens de lado a lado: se no Continental, são nada menos do que 1400 vagas para veículos, ao Colina "muitos vêm andando", fugindo, assim, do trânsito que se avoluma nas imediações do shopping, informa o administrador do local, Marco Antônio Ferreira Gemelli.
Veículo: Valor Econômico