Dona da L'Oréal provoca crise política na França

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Suspeita de sonegar impostos, Liliane Bettancourt teria sido beneficiada pelo ministro do Trabalho, Eric Woerth

 

Proprietária da gigante de cosméticos L"Oréal, a bilionária francesa Liliane Bettencourt, de 87 anos, está no centro de uma crise política no governo francês. Suspeita de sonegar impostos, a empresária teria sido beneficiada pelo ministro do Trabalho, Eric Woerth, que teria feito vistas grossas às fraudes fiscais.

 

Um dos mais importantes nomes do governo de Nicolas Sarkozy, o ministro é casado com Florence Woerth, executiva de um gabinete que gerenciava a fortuna da empresária. Enquanto o ministro pode ser obrigado a demitir-se, a bilionária anunciou sua disposição de saldar suas dívidas.

 

O caso movimenta a política francesa há cerca de duas semanas. E novas revelações feitas dia a dia pela imprensa têm complicado a situação de Woerth. O escândalo teve início com a revelação, pelo site de jornalismo francês Mediapart, de escutas clandestinas de conversas de Liliane realizadas por um de seus funcionários entre maio de 2009 e maio de 2010.

 

Nas gravações, a bilionária menciona a existência de duas contas na Suíça e nas Ilhas Seychelles, não declaradas ao fisco francês, pelas quais teriam sido movimentados centenas de milhões de euros.

 

As gravações revelam ainda doações de campanha a nomes como o presidente Nicolas Sarkozy, e a ministra da Educação, Valérie Pécresse. Não bastasse, Liliane evoca vários outros políticos do país, entre os quais "um amigo", o então ministro do Orçamento, também responsável pela receita fiscal, Eric Woerth, e sua mulher, Florence, desde 2007 executiva do escritório Clymène, que gerencia a fortuna da empresária.

 

As revelações acabaram obrigando o ministro a se explicar em público, afirmando nunca ter recebido dinheiro da empresária em caráter pessoal, mas sem negar que as doações possam ter acontecido. "É totalmente possível, e a lei permite."

 

As relações de proximidade entre um alto funcionário do governo francês e uma empresária suspeita de fraudes fiscais, porém, passaram a gerar pressão da opinião pública, levando a demissão de Florence de seu posto. "Eu subestimei o conflito de interesses", reconheceu.

 

E a situação se complicou há quatro dias, quando o procurador de Justiça de Nanterre, Philippe Courroye, admitiu que o Judiciário e o governo têm conhecimento de evasões fiscais realizadas por Liliane desde janeiro de 2009. "A íntegra dos elementos do processo estava à disposição da administração dos impostos", afirmou o procurador.

 

Pressionado a demitir Woerth ? cogitado para o cargo de primeiro-ministro ?, Sarkozy acabou vindo a público manifestar seu apoio. "Woerth tem toda a minha confiança", afirmou o presidente, que tenta politizar o caso, atribuindo as denúncias a disputas políticas com o Partido Socialista (PS), contrário à reforma da previdência, comandada pelo ministro.

 

Investigação. Enquanto o mundo político borbulha, o cerco à fortuna de Liliane aumenta. A repercussão do caso obrigou o substituto de Woerth no Ministério do Orçamento, François Baroin, a anunciar, no último domingo, que o Estado investigará, com a ajuda do governo suíço, as contas ocultas. "Nós vamos até o fim, em qualquer lugar do mundo, para saber exatamente o que há", disse. "A lei é para todos, e será aplicada com rigor."

 

A bilionária ainda não se manifestou à imprensa sobre o caso, e limitou-se a informar que se dispõe a pagar os eventuais impostos. O preço a ser pago, porém, pode ser maior do que uma multa milionária.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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