Brasil Foods critica restrições à fusão

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Medidas recomendadas pela Fazenda para aprovar união de Sadia e Perdigão fazem ações da empresa cair 6,3%

 

Recomendações são que empresa repasse marca Sadia ou Perdigão e que venda unidades ou marcas menores

 

Convicta de que a fusão entre Sadia e Perdigão não prejudica o consumidor, a BRF-Brasil Foods vai lutar por um posicionamento favorável do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) à transação.
"Não concordamos com a posição da Seae [Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada ao Ministério da Fazenda] e continuaremos lutando pela aprovação completa da fusão", disse à Folha o presidente da empresa, José Antonio do Prado Fay.

 

O mercado financeiro reagiu mal às restrições impostas anteontem pela Seae. As ações da Brasil Foods caíram 6,3%, para R$ 23,70.

 

O órgão considera que a fusão entre Sadia e Perdigão causa concentração de mercado. Para evitá-lo, a Seae sugere dois caminhos. Na primeira alternativa, as empresas teriam de licenciar por pelo menos cinco anos uma de suas principais marcas e se desfazer de ativos.

 

Essa opção seria a menos ortodoxa e, se mantida pelo Cade, seria a primeira vez que o conselho imporia o licenciamento de uma marca dessa escala.
A segunda alternativa exige a venda de marcas como Batavo, Rezende, Doriana, Claybom e Delicata.
"De um lado, consideramos que a fusão foi aprovada, o que é positivo. Mas não aceitamos nenhuma das alternativas apresentadas. Temos concorrentes que estão se posicionando no mercado, investindo", disse Fay.

 

O presidente da Sadia, Júlio Cardoso, ressaltou que a Seae não considerou, em sua avaliação, o fato de a companhia resultante da fusão ser uma grande exportadora.
"O projeto é criar uma empresa global brasileira. A nossa capacidade de crescer e dar ao Brasil a possibilidade de ampliar as exportações de produtos de valor agregado não foi considerada", afirmou Cardoso.

 

INESPERADO

 

"Algumas recomendações, como repassar a um concorrente uma das marcas principais ou a venda da Batavo, não eram esperadas", disse o analista Rafael Cintra, da Link Investimentos. Apesar da reação negativa do mercado, a Fazenda entende que a fusão não poderá ser aprovada inteiramente.

 

Dos 21 segmentos em que as empresas atuam, em 15 a participação de mercado delas é superior a 20%. É o caso de produtos como lasanhas, pizzas e hambúrgueres.
"Para preservar a competição, a aprovação deve ter restrições. A maior rivalidade era entre Perdigão e Sadia. À medida que elas se unem, essa concorrência pode ser prejudicada", afirmou ontem o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antônio Henrique Silveira.

 

HISTÓRICO

 

O parecer da Seae não é definitivo. As recomendações não serão necessariamente seguidas pelo Cade. O conselho poderá, por exemplo, impor novas condições, como ocorreu no julgamento da operação que criou a AmBev, em 2000. Na época, o parecer da Seae recomendou a venda da marca Skol. O conselho, porém, determinou a venda da marca Bavaria para dar o sinal verde à operação.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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