Suzano rumo às florestas modificadas

Leia em 3min 40s

Papel e Celulose: Aquisição da britânica Futuragene por US$ 82 milhões acelera pesquisas em biotecnologia


 
A partir da compra da Futuragene, companhia britânica de biotecnologia que tem operações nos Estados Unidos, Israel, China e sudeste da Ásia, a Suzano Papel e Celulose avança rumo ao plantio de florestas geneticamente modificadas com fins comerciais. Além de acelerar as pesquisas na área de melhoramento genético, o negócio, de US$ 82 milhões, contribui para a estratégia de internacionalização da empresa brasileira e abre as portas de novos mercados, como o de fornecimento de tecnologia para culturas ligadas à produção de biocombustíveis ou do próprio gene modificado. "Ainda vamos analisar o modelo (de negócio). Mas podemos vender tecnologia, o gene ou ainda firmar joint venture com empresas de biocombustíveis", conta o diretor de Estratégia, Novos Negócios e Relações com Investidores da Suzano, André Dorf.

 

Na área de eucalipto, a Suzano já conta com áreas de testes de plantio de florestas geneticamente modificadas, em algumas regiões do país, desenvolvidas a partir de tecnologia da Futuragene, na qual a empresa brasileira já detinha 7,6% de participação. "Atualmente, as florestas comerciais brasileiras são todas clonadas, desenvolvidas a partir do chamado melhoramento clássico", explica o executivo. Os testes da Suzano que envolvem melhoramento genético, acrescenta, são acompanhados e seguem a regulamentação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

 

Segundo o executivo, a compra da companhia britânica valeria somente pelas pesquisas dedicadas ao eucalipto, principal matéria-prima da celulose produzida no país. Reconhecido mundialmente pelo baixo custo de produção e elevada qualidade da celulose, o país responde pelo menor tempo de corte da árvore para industrialização no mundo, de em média sete anos, ante até 30 anos na Europa. Com o melhoramento genético, afirma Dorf, o ciclo tende a ser ainda menor, com ganhos também de produtividade por volume de madeira e celulose produzido por hectare. Hoje, o indicador de produtividade florestal é de 45 metros cúbicos (m3) por hectare por ano - na década de 70, o índice estava em 21 m3.

 

"Com o melhoramento clássico, esse indicador já era ascendente. O próximo salto qualitativo será com a biotecnologia". Em outras palavras, será possível produzir maior volume de madeira em áreas cada vez menores, o que também torna a estratégia sustentável, de acordo com o executivo. Haveria ainda ganhos potenciais em termos de investimentos - a partir da economia gerada pela maior produtividade florestal -, nas operações industriais e de logística. "Trata-se de uma estratégia sustentável porque permite também a melhor utilização dos recursos naturais."

 

A compra da Futuragene, concluída ontem, também agrega ao portfólio da Suzano tecnologias que podem ser aplicadas às culturas de milho, algodão e outras espécies ligadas à produção de biocombustíveis e bioenergia. Segundo Dorf, a companhia vai analisar qual o melhor modelo de negócios para cada segmento. "Embora a Suzano esteja dedicada hoje ao eucalipto, vamos olhar outras culturas também", afirma. A Suzano conta com 45 pesquisadores no Brasil, convênios com seis universidades e um centro de tecnologia em Itapetininga (SP). A Futuragene, por sua vez, tem 30 pesquisadores em centros de pesquisas instalados em Israel e na China e convênios com cinco universidades, entre as quais a renomada Universidade Hebraica de Jerusalém. "A Futuragene é uma das mais importantes empresas de biotecnologia florestal do mundo", ressalta Dorf.

 

A corrida da Suzano rumo ao desenvolvimento de tecnologias de melhoramento genético, aplicadas à área florestal, está alinhada à estratégia de inovação que levou a companhia a ser pioneira na produção da própria celulose de eucalipto, há mais de 50 anos. A necessidade de desenvolvimento de uma variedade de matéria-prima alternativa àquela importada pela empresa, após a compra de uma nova máquina para produção de cartões, levou Max Feffer (família ainda controladora da empresa) aos Estados Unidos, com o objetivo de testar o uso de diferentes fibras. Dessa empreitada resultou o desenvolvimento da celulose de eucalipto e, em 1957, a Suzano tornou-se pioneira na produção mundial da matéria-prima em escala industrial. Até 2015, a capacidade de produção de papel e celulose deverá passar de 2,9 milhões de toneladas por ano para 7,2 milhões de toneladas anuais.
 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Limão é vilão da feira e sobe 106% no semestre

O limão é o vilão do semestre. Mesmo com as altas de tomate, alface e feijão incomodando con...

Veja mais
Varejo segue em alta e tem boas perspectivas para o 2º semestre

O segundo semestre das vendas de varejo deste ano vem impulsionado por um crescimento, em maio, de 10,2% em relaç...

Veja mais
Açúcar, café e laranja fazem do País uma potência agricola

Açúcar, café e suco de laranja congelado são as culturas que asseguram a liderança do...

Veja mais
LG anuncia recall de 61 mil TVs por problema em capacitores

A LG Eletronics convocou ontem os donos de televisores modelo Time Machine para a substituição dos capacit...

Veja mais
Conar tira comercial "verde" da Bombril do ar

O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) suspendeu a campanha "verde" da Bom...

Veja mais
Importações ameaçam indústria têxtil nacional

A velocidade do aumento das importações de produtos têxteis já preocupa a indústria br...

Veja mais
Extrema: investimentos saborosos e lucrativos

Depois da Bauducco e da Kopenhagen, foi a vez da gigante suíça Barry Callebaut escolher o município...

Veja mais
Fazenda Gralha Azul, da PUC do Paraná, leva leite a supermercados

Produto que chega ao varejo a partir de agosto deve oferecer o dobro da rentabilidade à associação ...

Veja mais
LG faz recall inédito de televisores de LCD

Defeito pode envolver mais de 60 mil aparelhos de 32 e 42 polegadas de dois modelos fabricados 2 anos atrás &nbs...

Veja mais