As exportações brasileiras de café industrializado -torrado e moído - devem voltar a crescer em 2010, depois do resultado negativo do ano passado. A expectativa da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) é que a receita gerada a partir das vendas externas do produto industrializado superem os US$ 30 milhões e voltem aos patamares de 2008, quando o setor teve seu melhor desempenho nas exportações.
"A crise econômica não foi tão sentida pelas indústrias de café que exportaram em 2008. O resultado, com a queda nas vendas, apareceu no ano passado, quando tivemos uma retração nas exportações do produto industrializado", afirma Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic.
No ano passado, as exportações de café industrializado somaram US$ 25,44 milhões, segundo informações do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). O resultado representa uma queda de 16% em relação ao ano anterior, efeito principalmente da crise econômica e também da desvalorização do dólar em relação ao real.
Os Estados Unidos devem permanecer como principal destino do café industrializado brasileiro, mas a Europa começa a despontar como destino atrativo das empresas nacionais. A Cooparaiso, por exemplo, cooperativa sediada em São Sebastião do Paraíso (MG), começou, no fim do ano passado, a exportar café torrado com marca própria para a França, em uma parceria com a Agrial - cooperativa agroindustrial que opera na transformação de legumes e atua no mercado de jardinagem.
Em menos de um ano, a empresa dobrou os embarques mensais e hoje exporta em média 20 mil quilos de café torrado. Os 100 pontos de venda iniciais concentrados apenas da região da Normandia - noroeste da França - hoje já somam 300 e a perspectiva é chegar a 500 até o fim do ano, cobrindo também as regiões norte e sudoeste da França.
"Em 2011, pretendemos dobrar o número de pontos de venda e cobrir praticamente toda a França. Depois da Agrial , fomos procurados por outras cooperativas para fazer parcerias semelhantes, tendo como apelo oferecer um produto de qualidade, com garantia de origem e que saia diretamente do produtor ao consumidor final", afirma Jérôme Fraissignes, diretor- geral da Cooparaiso Europe, braço da empresa criado para atender a demanda europeia.
Segundo Fraissignes, além do mercado francês a cooperativa já negocia também a exportação de café torrado para a Bélgica. Sem dar prazos para que os primeiros negócios sejam fechados, o executivo informa que as conversações estão adiantadas e que, por enquanto, as maiores dificuldades estão em ajustar os idiomas das embalagens. A Bélgica tem três línguas oficiais - holandês, francês e alemão.
No mercado americano, o mineiro Café Bom Dia já está presente com suas marcas desde 2002. Hoje a empresa é uma das maiores exportadoras do produto industrializado.
Apesar do crescimento nas vendas do café torrado e das boas perspectivas futuras, em receita, as vendas externas do produto representam apenas 1% do faturamento total obtido com as exportações brasileiras de café.
Veículo: Valor Econômico