Nutricionistas são a nova arma dos supermercados

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Por anos, Myra Vanderpool comprou regularmente o pão integral da marca própria do seu supermercado local. Recentemente, ela trocou de marca.

 

O que motivou a mudança de Vanderpool foi um novo sistema de pontos nutricionais que está sendo testado pelo supermercado Kroger Co. que ela frequenta em Lexington, Kentucky, que classifica milhares de alimentos em uma escala de 1 (baixo valor nutritivo) a 100 (muito saudável). Os resultados, afixados junto aos produtos nas prateleiras do supermercado, foram um alerta: o pão que ela costumava comprar teve nota 23, a mesma que um sorvete Häagen-Dazs de café.

 

Então, a professora substituta de 67 anos começou a comprar um dos pães integrais da marca Nature's Own, que teve nota 81, em parte porque contém mais fibras e proteínas e menos açúcar que a marca anterior dela. Vanderpool diz que o marido reclama de vez em quando de que sente falta do pão antigo, mas ela diz: "Este é mais saudável para você."

 

O sistema de classificação do Kroger faz parte de um movimento dos varejistas americanos de alimentos de se tornarem mais enfáticos na oferta de conselhos sobre nutrição. Outras cadeias, como a Hy-Vee Inc., estão contratando nutricionistas para aconselhar os compradores a selecionar alimentos mais saudáveis e, em algumas lojas, andar pelos corredores oferecendo recomendações personalizadas mediante a cobrança de uma tarifa. Algumas redes, como a Safeway Inc., estão explorando dados sobre hábitos alimentares colhidos a partir dos cartões de fidelidade dos clientes para recomendar alternativas mais saudáveis para os alimentos que eles compram. O Wal-Mart Stores Inc., maior varejista de alimentos do país, planeja anunciar detalhes sobre seu próprio "programa nutricional" ainda este trimestre, disse uma porta-voz, que se recusou a dar detalhes.

 

Os supermercados esperam reforçar a lealdade dos compradores e, talvez, reconquistar clientes que passaram a recorrer a cadeias especializadas como Whole Foods Market Inc. e redes que vendem em grandes quantidades, como o Wal-Mart. As vendas de alimentos orgânicos e naturais deram um salto de 72%, para US$ 31,9 bilhões, nos cinco anos encerrados em 2009, enquanto as de alimentos funcionais ou enriquecidos subiram 44%, para US$ 37,3 bilhões, no mesmo período, de acordo com a publicação setorial "Nutrition Business Journal".

 

"Não é nossa responsabilidade dizer aos compradores o que comer, o que não comer ou como comer", diz Ric Jurgens, presidente da cadeia de supermercados Hy-Vee. Ainda assim, "precisamos fornecer a eles tantas informações quanto pudermos, para ajudá-los a tomar boas decisões, além de oferecer tantas opções quanto possível".

 

Alguns fabricantes de alimentos são contra ter seus produtos classificados por nível nutricional. Eles dizem que os compradores consideram uma variedade de fatores quando compram comida. E alegam que confiar em um único ranking nutricional pode tornar mais difícil para o consumidor entender como os alimentos que eles compram se encaixam em uma dieta.

 

Os varejistas pagam uma tarifa para licenciar o sistema de classificação da NuVal LLC, que pertence ao Hospital Griffin, que fica em Derby, Connecticut, e à cooperativa de varejo Topco Associates LLC. O hospital é dono do algoritmo no qual o sistema se apoia e só um painel formado por sete especialistas em saúde e alimentação de várias universidades pode modificá-lo.

 

Algumas redes de supermercados, como Hy-Vee, Kroger e Wegmans Food Markets Inc., estão contratando nutricionistas registrados para dar recomendações sobre o valor dos alimentos em suas lojas. Cerca de metade dos 230 pontos de venda da Hy-Vee colocam placas perto de certos alimentos com a foto do nutricionista dando destaque às "Escolhas do Nutricionista" do mês. Os compradores também podem pagar US$ 60 por uma consulta de uma hora com o nutricionista e um tour personalizado na loja.

 

Julie Eich, contadora de 38 anos que vive em Des Moines, Iowa, pagou US$ 150 por seis sessões individuais com o nutricionista da sua loja Hy-Vee em maio. Eich, que diz ter sempre optado por fast food por causa de sua agenda apertada, aprendeu, por exemplo, que a barra de granola de baixa caloria que ela pensava ser "totalmente saudável e boa" na realidade trazia a mesma quantidade de açúcar que uma barra de doce. "Eu só estava olhando para as calorias, e não de onde vinham as calorias", diz.

 

No Safeway, terceiro maior varejista de alimentos dos Estados Unidos, os clientes que se registram pela internet podem ir à página "My Household Snapshot" (algo como "um instantâneo da minha família") e ver os níveis nutricionais da compra da família nos últimos seis meses, apresentada em barras verticais verdes.
 
 


Veículo: Valor Econômico


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