Redes apostam em prazos maiores

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Estratégia para elevar vendas é parcelar em até 30 vezes sem juros as compras, dependendo do produto. 

 

As grandes redes varejistas estão apostando, cada vez mais, na concessão de prazos maiores para pagamento sem a cobrança de juros. Conforme representantes do setor, a estratégia visa vencer a concorrência, conquistar consumidores e aumentar as vendas. Em algumas lojas, os pagamentos podem ser efetuados em até 30 vezes sem acréscimo, dependendo do produto.

 

A estratégia das empresas é colocada em prática em um momento de desaceleração na oferta de crédito para as pessoas físicas. Segundo o Banco Central (BC), linhas como o cheque especial, crédito pessoal, consignado e para veículos recuaram, em média, 6,6%, no fim do segundo trimestre, devido às últimas altas na Selic, que subiu de 8,75% para 10,75%.

 

Na rede de supermercados Carrefour, segundo o diretor de Negócios e Produtos, Ricardo Barreto, os prazos maiores são um dos principais motivos do aumento nas vendas do grupo. Conforme ele, atualmente, as compras no Carrefour podem ser divididas em até 30 vezes sem juros, dependendo do produto.

 

"Podemos dizer que, hoje, temos as melhores condições de financiamento do mercado. Para se ter uma ideia, os produtos da linha branca são divididos em até 30 vezes. Já a linha de TV e áudio pode ser parcelada em até 24 vezes e a dos produtos de informática em 18 vezes sem acréscimo", disse.

 

Ainda conforme Barreto, para aqueles que efetuam o pagamento através do cartão próprio há promoções e condições específicas, inclusive em outros segmentos. "Este é o caso dos combustíveis. Com o cartão Carrefour é possível abastecer o carro com até 70 dias sem juros para pagar. Atualmente, 40% de nossas vendas são pagas com o cartão da rede", completou.

 

Também na mineira Ricardo Eletro - pertencente à holding Máquina de Vendas, que controla ainda o grupo baiano Insinuante - o parcelamento está entre as principais estratégias adotadas para atrair os clientes. "As pessoas passaram a ter condições de comprar produtos que antes não eram incluídos no orçamento. Além disso, os clientes de classes mais baixas só conseguem ter um celular ou uma televisão de última geração, por exemplo, por causa do prazo", explicou o vice-presidente da empresa, Rodrigo Nunes.

 

De acordo com ele, atualmente, 70% de tudo o que é comercializado pelos 280 pontos de venda da empresa são pagos com cartão de crédito ou com o cartão próprio. O restante é dividido entre os pagamentos à vista e os efetuados no tradicional carnê.

 

"O famoso ‘dinheiro de plástico’ e o cartão da loja atraem os consumidores porque possuem promoções exclusivas. Para se ter uma ideia, o cliente que opta por pagar a mercadoria com o cartão de crédito pode dividir o pagamento em até 10 vezes sem juros", destacou Nunes. A empresa também divide alguns produtos em 16 até vezes.

 

Na avaliação do vice-presidente da Ricardo Eletro, o aumento da renda do consumidor - sobretudo das classes C, D e E - e a facilidade de acesso ao crédito são os principais fatores que têm contribuído para o bom desempenho dos negócios. Conforme já publicado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, as vendas da empresa no primeiro semestre aumentaram 8% na comparação com igual período do ano passado.

 

A rede capixaba Itapuã Calçados, que possui 36 unidades em Minas Gerais, também está trabalhando com prazos maiores. Segundo o diretor comercial, Roberto Carlos Ferutti, algumas promoções chegam a oferecer financiamento em até oito vezes sem juros.

 

"Ampliamos os prazos de acordo com o período do ano ou com a promoção em vigor. Este tipo de ação ajuda a incrementar as vendas, pois todo o varejo trabalha com crédito. Muitos clientes dependem do financiamento para comprar. Por isso, precisamos oferecer o parcelamento para garantir os negócios", afirmou.

 

Conforme Ferutti, as vendas a prazo, que incluem os pagamentos efetuados por meio de cartão de crédito e da loja, respondem por 75% dos negócios da Itapuã. O restante (25%) se refere às compras em dinheiro.

 

Fidelização - Já a Eletrozema Ltda, do grupo Zema, com sede em Araxá (Alto Paranaíba), aposta na utilização dos antigos carnês como forma de pagamento para incrementar os negócios envolvendo eletrodomésticos. De acordo com o proprietário da rede, Romeu Zema, o crediário próprio oferece maior autonomia às lojas, além de atender o público-alvo nas cidades de pequeno porte em que a empresa atua.

 

Hoje, segundo ele, 65% das vendas são a prazo e os clientes podem parcelar o pagamento em até 18 vezes. "Um dos benefícios do boleto se deve ao fato de os consumidores voltarem ao estabelecimento. Com isso, aumenta as possibilidades de outras compras serem efetuadas", disse.

 

A Eletrozema tem 284 lojas espalhadas pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Goiás e Espírito Santo. Para este ano, existe a previsão de abertura de outras 27 unidades.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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