Os produtores de banana no Norte de Minas Gerais estão otimistas com a cotação da fruta, que está proporcionando lucro. A expectativa é que a caixa de 22 quilos seja comercializada em torno de R$ 16 em agosto, período de safra do produto. O valor é suficiente para cobrir os custos e gerar renda aos produtores. A margem anual de lucro gira entre 5% e 10% dependendo da qualidade do produto ofertado.
De acordo com a gerente executiva da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Ivanete Pereira dos Santos, a expectativa de manutenção dos preços, mesmo em período de safra, se deve ao aumento da demanda e a redução da oferta da banana produzida no Vale do Ribeira, em São Paulo. O excesso de chuvas na região paulista no primeiro semestre de 2010 também prejudicou a qualidade da fruta, visto que aumentou a incidência do fungo causador da sigatoka negra. As chuvas ainda causaram enchentes em alguns bananais.
"Apesar de estarmos em período de safra, a oferta na região Norte de Minas e no Vale do Limeira está escalonada, o que favorece o equilíbrio dos preços no mercado", disse Ivanete.
O Norte de Minas é a principal praça a ofertar banana prata entre julho e agosto. O volume disponível no período, no entanto, deve ser inferior ao potencial produtivo da região, devido ao clima frio, que retardou o desenvolvimento dos cachos.
Em 2010, Minas Gerais terá o calendário de oferta mais escalonado, não devendo ter pico de safra tão concentrado entre agosto e setembro, o que deve evitar fortes oscilações nos preços.
De acordo com as informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no primeiro semestre do ano, a banana prata teve média de R$ 19,05, valor 168% acima do mínimo estimado por produtores para cobrir os gastos com a cultura, de R$ 7,67.
"De modo geral, a oferta nacional de banana prata tem sido menor, devido ao maior escalonamento da produção mineira, a oferta da variedade do Vale do Ribeira é limitada desde maio, estes fatores nos deixam otimistas em relação ao desempenho dos preços.
Nos anos anteriores, a média de preços neste período foi de R$ 10, por caixa de 22 quilos, o que limitava a geração de lucro para os produtores", disse Ivanete.
A banana produzida entre julho e agosto apresenta menor qualidade, o que pode acarretar em perdas de até 40% nos preços do produto. O clima frio nos últimos meses retardou o desenvolvimento dos cachos e causou escurecimento da casca no Estado.
Por ano, são produzidas cerca de 1,13 mil caixas de 22 quilos por hectare na região Norte de Minas, o que representa pelo menos 300 mil toneladas do produto. A área plantada gira em torno de 12 mil hectares. Cerca de 90% da produção é de banana prata.
Em janeiro, o segmento enfrentou dificuldade devido aos baixos preços de mercado. Durante o período de entressafra o preço da caixa de 22 quilos de banana caiu de R$ 26 para R$ 16, preços que são praticados no período de safra. De acordo com Ivanete, a oscilação negativa registrada no início de ano, deverá interferir na produção da região, que não terá incremento no próximo ano.
Exportação - A Abanorte representa cerca de 2,5 mil produtores de bananas do Norte de Minas, sendo que pelo menos 90% são de pequenos e médios portes. Para alavancar e tornar o negócio lucrativo, a entidade pretende iniciar a exportação de bananas. Para ingressar no mercado internacional serão desenvolvidos estudos de viabilidade econômica para a definição dos melhores países consumidores.
De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a região mantém a liderança na produção da fruta, respondendo por cerca de 50% da safra estadual. Os maiores produtores são os municípios de Jaíba, Janaúba, Matias Cardoso, Nova Porteirinha e Varzelândia. Somente esse grupo de cidades produziu 229,8 mil toneladas de banana em 2009, um salto de 90,9% em relação ao período anterior, que teve registro de 120,4 mil toneladas.
O segundo lugar na produção estadual fica com a região do Sul de Minas, que responde por 14% do total registrado. A região Central está em terceiro lugar, com 8,71%, e o Vale do Rio Doce, em quarto, com 6,89%. (MV)
Veículo: Diário do Comércio - MG