Os produtores brasileiros de arroz aguardam com atenção o desenrolar do cenário externo das commodities. A recente alta nas Bolsas, se for mantida, deverá puxar para cima os preços do arroz.
A alta do cereal no mercado externo serviria para consolidar a recuperação interna de preços e para elevar o volume das exportações.
Para Marco Aurélio Tavares, do Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz), o mercado internacional de arroz deverá receber impacto tanto da seca na Europa como das enchentes na Ásia.
A seca, que afeta Europa e países ligados à antiga União Soviética, vai reduzir a safra de trigo, produto do qual o arroz pode ser substituto.
Já os efeitos climáticos que afetam a Ásia, principalmente as enchentes no Paquistão, deverão provocar redução na oferta mundial.
Há uma expectativa de quebra de safra na China, maior produtor mundial, no Paquistão, terceiro maior exportador mundial, e nas Filipinas, um dos principais importadores mundiais.
Feito o balanço dessas perdas, o arroz deverá ter valorização, segundo Tavares. Os recentes dados do Usda (Departamento de Agricultura dos EUA), "ainda cautelosos", não informam quebra nesses países, o que deverá acontecer no relatório do próximo mês, diz ele.
Uma indicação dessa mudança é a alta de preços na Tailândia. A tonelada já é negociada a US$ 480, acima dos US$ 450 das últimas semanas.
Os preços do mercado interno também reagem. A saca é negociada, em média, a R$ 27,50 no Rio Grande do Sul, ante R$ 26 de junho.
"Já a exportação surpreende", diz Tavares. Somou 230 mil toneladas de março a julho e pode superar 500 mil neste ano. A previsão do governo era de 350 mil.
A melhora de preços do arroz estimula uruguaios e argentinos a buscar países fora do Mercosul, o que "enxuga" mais o mercado interno.
Veículo: Folha de S.Paulo