Encomendas de fim de ano indicam consumo recorde de R$ 98 bi no Natal

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Importadores estimam aumento de até 60% da compra de insumos e produtos no exterior para sustentar o aumento da demanda

 

Os brasileiros devem gastar R$ 98 bilhões neste Natal. É a maior cifra registrada em dezembro e R$ 5,2 bilhões a mais do que foi desembolsado em 2009, segundo projeções da consultoria MB Associados. Para atender ao aumento de vendas, indústrias que usam insumos importados e redes varejistas que também se abastecem no exterior ampliaram em até 60% as encomendas desses itens em relação a 2009.

 

Aumento da renda, do emprego formal e do crédito sustentam o otimismo da indústria e do comércio em relação ao consumo de fim de ano. "Como a política monetária não será tão contracionista, teremos crescimento importante do varejo no fim do ano", afirma Sergio Vale, economista chefe da MB Associados.

 

Ele fez os cálculos a pedido do Estado e considerou o crescimento real das vendas do varejo ampliado, que inclui, além de roupas, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, veículos, motos, partes e peças e materiais de construção. O crescimento é real e desconta a inflação projetada para o período.

 

Vale ponderar que, como o Natal de 2009 foi muito bom e, portanto, a base de comparação é forte, a taxa de crescimento projetada para dezembro deste ano é menor (5,5%) que a registrada no ano passado (14%).

 

Em 2009 o quadro era exatamente o oposto, porque dezembro de 2008 foi o Natal da crise e a base de comparação era muito fraca.

 

Segundo o economista, apesar da política monetária limitar o crescimento no curto prazo, a perspectiva positiva de longo prazo deve estimular as compras do consumidor que está com menos receio de perder o emprego e, portanto, mais propenso a comprar a prazo.

 

Pedidos. Os pedidos das redes varejistas para o Natal começam a chegar aos fabricantes nacionais só a partir do mês que vem. Mas, por questões de logística e prazos, a indústria e o comércio já fecharam as compras de matérias-primas e itens importados.

 

Os clientes da Sertrading, uma das grandes empresas de comércio exterior, ampliaram, por exemplo, entre 60% e 70% as compras de bens de consumo e matérias-primas importadas para o período setembro a dezembro em relação ao último quadrimestre de 2009.

 

No Natal de 2009, as importações desses itens tinham crescido entre 20% e 25%. "O aumento do consumo e da renda sustentam essa ampliação", afirma o presidente da companhia, Alfredo de Goeye.

 

A Comexport, maior importadora de produtos têxteis, é outra trading que confirma a expectativa do comércio e da indústria de crescimento robusto para o Natal. Entre tecidos e confecções, as importações para este fim de ano cresceram 20% em volume.

 

Basílio Jafet, diretor da companhia, acrescenta outro indicador que ratifica o cenário favorável da atividade. "As compras de matérias-primas petroquímicas usadas em embalagens plásticas são 20% maiores em volume na comparação com 2009", diz o executivo. Ele ressalta que esse é um bom indicador antecedente do movimento do varejo.

 

Estímulo às importações. Diante do mercado interno aquecido, o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ampliou em 10% as projeções de importações para o ano, de US$ 158,5 bilhões para US$ 174,5 bilhões. Só para o terceiro trimestre, que é o pico das encomendas do Natal, ele projeta que as compras externas vão somar US$ 50 bilhões, cifra 45% maior em relação a igual período de 2009.

 

"A taxa de câmbio está estimulando as importações", afirma Castro. Na sexta-feita, o dólar valia R$ 1,772, com queda 3,28% em relação a um ano atrás (R$1,832). Ele observa que, entre as categorias de produtos, excluindo combustíveis e lubrificantes, as importações de bens de consumo neste ano vão registrar a maior taxa de crescimento em relação ao ano anterior: 39,8%. No primeiro semestre, usando os mesmo critérios de comparação, houve uma ampliação 49,4% nas compras externas de bens de consumo, com aumento de 28,8% nos bens não duráveis e de 69,5% nos bens duráveis, puxados pelo acréscimo de 72,3% nas importações de automóveis.

 

Brinquedos. "O cenário é positivo para o crescimento das vendas de não alimentos", afirma o diretor de importação do Grupo Pão de Açúcar, Sandro Benelli. A rede varejista comprou no exterior um volume de brinquedos, de produtos de decoração e artigos para casa 30% maior em relação ao importado para o Natal de 2009. No ano passado, as compras externas cresceram 20%.

 

As importações da companhia desembarcam no País no fim de setembro. No caso dos alimentos, houve um acréscimo entre 15% e 20% nos volumes ante 2009, a mesma taxa registrada no ano passado. O executivo destaca que o crescimento do volume de pedidos se deve à situação macroeconômica favorável. "O câmbio é neutro, neste caso."

 

Benelli observa que, ao contrário de outros anos, os produtos importados para este Natal são de maior valor. Antes, conta ele, a empresa importava os carrinhos de controle remoto mais baratos e só com as funções básicas. Agora, pressionado pela demanda de um consumidor com mais renda, as compras são de carrinhos mais sofisticados e com mais funções, exemplifica.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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