A concorrência entre os supermercados, que barra repasses ao consumidor, mantém as margens líquidas do setor entre 1% e 2%
A margem de lucro dos supermercados mineiros está cada vez menor, entre 1% e 2% sobre o faturamento mensal, segundo o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues. De acordo com ele, o alto custo do negócio e a concorrência acirrada interferem negativamente no resultado final. "O melhor caminho ainda é aumentar a produtividade e criar ações que possam aumentar o volume de vendas e, assim, o faturamento", explicou.
De acordo com ele, o consumidor está mais consciente e atento ao preço dos produtos e elevar o valor dos itens é sinônimo de perda de vendas. Conforme Rodrigues, em muitos momentos, os empresários precisam sacrificar a margem de lucro para manter os preços e fidelizar os clientes. "Aumentar a rentabilidade é um desafio para o setor, que ainda precisa lidar com as perdas e com os novos estabelecimentos que entram no mercado", avaliou.
Para melhorar a performance, Rodrigues destacou que o supermercadista precisa estabelecer a vocação do seu negócio e o público que deseja atingir. "Elevar a margem de lucro está relacionado ao perfil do supermercado, à sua localização e à maneira como o local é visto pelo consumidor. Existem estabelecimentos que têm como carro-chefe o departamento de padaria, outros o açougue e ainda há aqueles relacionados às classes C e D", afirmou.
Na rede Super Nosso, que conta com 12 unidades na Capital, a margem de lucro é de 2% sobre o faturamento e o departamento de bazar - garrafas térmicas, copos de vidro e descartáveis - possui o melhor rendimento, embora tenha uma menor velocidade de venda. Segundo o proprietário, Euler Fuad, para que o percentual cresça não basta elevar os preços, é preciso aumentar o volume de itens comercializados.
"O consumidor faz pesquisa de preço antes de fazer as compras mensais e é necessário ter cuidado para não ter a imagem de supermercado de preço alto. Com isso, muitas vezes não repassamos às pessoas o alto valor pago aos fornecedores", explicou.
De acordo com Fuad, a concorrência tende a crescer consideravelmente nos próximos anos e é necessário ter diferenciais que atraiam o consumidor para manter a rentabilidade do negócio. Além disso, aumentar a produtividade e ter um estoque abastecido também contribuem para o resultado.
A margem de lucro achatada também foi apontada pela rede de supermercados Coelho Diniz, sediada em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, com nove unidades em Minas Gerais. Conforme o proprietário, Ercílio Diniz Filho, nos últimos dois anos, o rendimento não passou de 2% sobre a receita. Segundo ele, os custos operacionais e o grande número de estabelecimentos na região impactaram negativamente a performance.
De acordo com o empresário, os departamentos que mais contribuem para o crescimento da margem de lucro são padaria e açougue. Ele destacou que o caminho para manter o negócio aquecido é ganhar rentabilidade por meio da quantidade de produtos comercializados. "No supermercado, aumentamos a produtividade e estamos criando ações que atraiam o consumidor às lojas", afirmou.
Conforme Diniz Filho, aumentar o preço dos produtos não está nos planos, já que o valor dos itens é um fator que pesa na decisão de compra. Segundo ele, é fundamental elevar as vendas para que o faturamento também tenha alta. "Estamos otimistas com o segundo semestre e a expectativa é de aumento de 30% da receita no acumulado deste ano em relação ao exercício anterior", afirmou.
Veículo: Diário do Comércio - MG