Trigo pode forçar aumento do pão francês

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Com seca na Rússia, 3º maior exportador, cotação do grão já subiu mais de 50% nos últimos meses.

 

O pãozinho francês pode chegar à mesa dos brasileiros, nas próximas semanas, até 6,5% mais caro. É o que projeta a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), caso os preços do trigo no mercado internacional não parem de subir.

 

Num mês, a cotação do trigo já se elevou mais de 50%, um recorde provocado, especialmente, pela seca na Rússia, terceiro maior exportador do alimento. As estimativas são de que o aumento no atacado no Brasil seja de 20%. As próximas semanas serão decisivas. "Logo, a safra brasileira do trigo começa a ser colhida, o que pode compensar os efeitos do mercado internacional", disse José Batista, presidente da Abip, lembrando que a farinha de trigo representa 30% do custo do pão.

 

O Brasil consome cerca de 11 milhões de toneladas de trigo, sendo que importa praticamente metade desse volume. Mesmo com uma boa safra de trigo, muitos especialistas preveem alta nos derivados do alimento.

 

Apesar da alta, esses alimentos consomem 3% dos orçamento das famílias. Já os hortifrutigranjeiros, o dobro. Diante disso, os analistas não esperam grande efeito na inflação.

 

"O trigo não é uma ameaça à meta da inflação. Até porque, dada a forte concorrência de massas, os reajustes não devem ser tão intensos. Com isso, a alta do trigo não tem potencial para reverter a deflação dos alimentos", comentou André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), acrescentando que o efeito da Rússia nos preços ainda não apareceu no atacado brasileiro. O trigo em grão, por exemplo, desacelerou em agosto (-0,91%).

 

Segundo Marco Franklin, economista da Platina Investimentos, a inflação dos últimos dois meses (0,% em junho e 0,01% julho) não se sustenta por muito tempo. Em agosto, ele prevê uma variação também próxima de zero. Nos próximos meses, a inflação deve subir para um patamar que não compromete a meta de inflação estabelecida pelo governo (4,5%). "O mercado de commodities está apertado, qualquer surpresa faz o preço subir, como no caso do trigo".

 

Na avaliação de Antônio de Lacerda, professor da PUC-SP, após agosto, a inflação brasileira volta para o patamar de 0,3% e 0,4%. E, num cenário com possibilidade de o dólar se desvalorizar ainda mais frente ao real, altas como a do trigo tendem a ser compensadas. "Além disso, o nível de atividade se acomodou, o que abre espaço para o país flexibilizar a política monetária", avaliou. (AG)

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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