Pão ficará até 10% mais caro

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Escassez do trigo, com a quebra de 25% na safra da Rússia, eleva o preço do cereal e faz o tradicional produto no café da manhã dos brasileiros pesar mais no orçamento

 

Os brasileiros que não abrem mão do pão francês no café da manhã podem preparar o bolso para uma péssima surpresa. Nos próximos dias, o preço do produto deve aumentar até 10% no Distrito Federal, refletindo a escassez de trigo no mercado mundial. A previsão de reajuste, feita pelos fabricantes locais, ultrapassa os 6,5% estimados pela Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) para todo o país. Também as massas ficarão mais caras.

 

A farinha de trigo é a base da fabricação do pão e das massas, representando entre 30% 50% dos custos desses produtos. Em 2009, o Brasil consumiu 10,5 milhões de toneladas do cereal, mas, para suprir essa demanda, foi obrigado a importar (1)pouco mais da metade da quantia absorvida pela indústria. Segundo Élcio Bento, analista da consultoria Safras & Mercado, o país já é o segundo maior importador de trigo do mundo. Por isso, fica tão vulnerável às variações de preços do grão no mercado internacional. O trigo é uma commodity, com cotações nas principais bolsas de mercadorias do planeta.

 

“Estimamos que o Brasil produzirá, neste ano, 5,5 milhões de toneladas de trigo e importará mais 5,8 milhões”, disse Bento. Ele lembrou que o cereal é produzido em regiões de baixas temperaturas e problemas climáticos, como as secas, podem afetar a produção. “É o que aconteceu na Rússia, terceiro maior produtor do mundo. As perdas de 25% na safra resultaram na valorização da commodity”, acrescentou. A redução na colheita de trigo na Rússia — vítima de uma forte onda de calor — foi tão grande que, apenas neste mês, o preço do pão foi reajustado em mais de 20%.

 

A panificadora Bonanza, localizada no Cruzeiro Novo, consome dois sacos de farinha de trigo por dia. A saca de 50 quilos, que custava R$ 69 até o início do mês, passou a valer R$ 75 desde a semana passada — alta de 8,7%. Jucélio Pereira, gerente do estabelecimento, garante, porém, que, por enquanto, o quilo do pão continuará sendo vendido à clientela por R$ 6,99, enquanto durarem os estoques de farinha adquirida antes do reajuste. “Por enquanto, fica tudo como está”, assegurou.

 

Na rede Pão Dourado, a situação é outra. Conforme Tito Costa, dono da empresa, para cobrir o aumento de custos com as 800 sacas de 25 quilos de farinha consumidas semanalmente, a fatura da alta do trigo será repassada aos consumidores. “Vamos aumentar (o preço do pãozinho) de 8% a 10% em meados de setembro”. A rede comercializa hoje o quilo do pão francês por R$ 7,49. “Usamos a (farinha) extraclara. A melhor do mercado”, garantiu.

 

Na rede de supermercados Super Maia, Feliciano Moreira, diretor comercial, confirmou que fornecedores já estão sinalizando com a elevação de 10% a 20% no valor da farinha de trigo. “Nós próximos 20 dias, o pão terá aumento de preço”, avisou. O Super Maia vende o quilo do produto a R$ 6,49.

 

1 - Em mãos argentinas
O Brasil importa 95% do trigo que consome da Argentina, mas, no ano passado, sofreu com a medida do governo daquele país, de restringir a exportação de produtos básicos para segurar a inflação. Os brasileiros precisaram recorrer ao Paraguai e ao Uruguai para suprir a demanda interna. Dados da Consultoria Safras & Mercado confirmam a alta do cereal comercializado no Paraná. Na última safra, a tonelada era vendida a R$ 440. Lotes da nova safra estão cotados a R$ 500 por tonelada — aumento de 13,64%.

 

Veículo: Correio Braziliense


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