No Brasil, rede ouve consumidor para mudar o modelo de hipermercado

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A reformulação dos hipermercados Carrefour no Brasil está entre as prioridades da matriz. Ontem, na divulgação dos resultados do primeiro semestre, a multinacional francesa destacou o lançamento no país de "um plano para melhorar o desempenho dos hipermercados e ampliar o crescimento da margem". Trata-se do projeto "Minha Loja", lançado há pouco mais de três meses, que envolve pesquisas com consumidores nas lojas para saber quais os produtos mais consumidos e o que o público gostaria de encontrar nas prateleiras.

 

O "Minha Loja" já reformou nove lojas em São Paulo e quatro unidades no Rio com base nesses resultados. As mudanças liberam maior espaço na loja para serviços e lazer. Até o fim de outubro, por exemplo, a loja do Carrefour em Sulacap, na zona oeste do Rio, vai receber seis salas de cinema, com capacidade para 1.345 expectadores. Ainda este ano, também a loja do Carrefour no bairro do Limão, zona norte da capital paulista, terá o seu complexo de cinema. A empresa está estendendo o projeto para todas os seus hipermercados, que hoje somam 114 no país.

 

Na visão do presidente mundial, Lars Olofsson, que assumiu a rede no início de 2009, não é preciso que o hipermercado ofereça uma gama tão grande de produtos, que possa até confundir o consumidor. A operação será muito mais eficiente se estiver focada nas necessidades do público. Foi assim com a unidade aberta pela multinacional semana passada em Lyon, na França, que adotou o modelo outlet nas seções têxtil e decoração.

 

O Carrefour está mudando seu foco internacional para mercados onde a companhia tem condições de assumir uma posição de liderança, como a China e o Brasil. Segundo Olofsson, a companhia continuará crescendo em mercados importantes como o Brasil, China, Indonésia e Turquia, abrindo novas lojas ou via aquisições e parcerias estratégicas.

 

No primeiro semestre, o segundo maior grupo varejista do mundo, depois do Walmart, voltou a ter lucro. A empresa declarou estar confiante de que alcançará os objetivos traçados para 2010, com cortes de custos e gastos menores com compras. O lucro líquido no período foi de € 82 milhões (US$ 103,7 milhões). No mesmo período de 2009 houve prejuízo de €58 milhões. A chamada "contribuição de atividade" (margem bruta das operações atuais excluindo vendas, despesas gerais e administrativas, depreciação e amortização), uma medida do lucro operacional, aumentou 7,6% para €1,1 bilhão. A receita cresceu 6% para €43,7 bilhões.

 

Os custos foram reduzidos em €236 milhões no primeiro semestre, quase metade da meta de €500 milhões estabelecida para 2010. O período inclui custos extraordinários de €384 milhões ligados ao fechamento de 16 lojas na Bélgica. Em 30 de junho, o endividamento líquido era de €11,3 bilhões, uma redução de €58 milhões comparado ao mesmo período de 2009.

 

Na França, o lucro do primeiro semestre cresceu 16% para €513 milhões. A participação da companhia no mercado doméstico permaneceu praticamente estável em 24%. O Carrefour vai acelerar os cortes de preços no segundo semestre para atrair mais consumidores franceses, disse Olofsson. Isso não ocorrerá às custas das margens operacionais na França que, diz ele, continuarão melhorando.

 

Na América Latina, a "contribuição de atividade" (lucro operacional) caiu 4,8% para €141 milhões. O lucro na região caiu devido a gastos de €69 milhões relacionados a ajustes contábeis no Brasil. Para todo o ano, custos extraordinários no Brasil deverão somar cerca de €80 milhões, disse o diretor financeiro, Pierre Bouchut. Na Ásia, a "contribuição de atividade" subiu 28% para €144 milhões. (*Bloomberg)

 

 
Veículo: Valor Econômico


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