Varejo planeja vender entre 20% e 30% a mais no Natal

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Grandes redes de varejo esperam um aumento de vendas de 20% a 30% no Natal deste ano em relação a 2009. Os fatores que estimularam a demanda em agosto - mês em que as redes sentiram uma forte recuperação após um segundo trimestre menos acelerado - continuarão presentes até o fim do ano, estimam empresários, listando aumento de renda, crescimento do emprego, confiança na economia e crédito. No ano passado, o Natal já foi forte - segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do varejo cresceram 12% em dezembro na comparação com 2008.

 

A gaúcha Lojas Colombo, com 340 pontos de venda no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, espera um crescimento de 20% nas vendas de Natal em comparação com o mesmo período de 2009 e vai ampliar as encomendas da indústria na mesma proporção, informou o diretor de compras e logística, Gladimir Somacal. De acordo com ele, as compras para o fim de ano são feitas normalmente depois do Dia das Crianças, em outubro, mas desta vez elas poderão ser antecipadas para evitar eventuais faltas de produtos, "principalmente os produzidos em Manaus".

 

A expectativa da rede Lojas Cem é que as vendas no fim de ano sejam 30% superiores às de 2009. "A expectativa é a melhor possível", diz Domingos Alves, supervisor geral da rede, explicando que este tem sido o percentual mantido ao longo deste ano, inclusive em agosto. A rede, que reforçou o estoque para garantir o preço dos produtos de linha branca após o fim da redução do imposto sobre esses bens, viu essa "sobra" voltar para o prazo normal de 45 dias de venda.

 

A rede Berlanda, com sede em Curitibanos, Oeste de Santa Catarina, projeta crescimento de 30% nas vendas deste ano na comparação com 2009, quando faturou R$ 240 milhões. Segundo o diretor-comercial, Gilson Bogo, o segundo semestre começou bem. "Mudamos a periodicidade do nosso tablóide de ofertas, de mensal para quinzenal, o que gerou mais força na nossa comunicação com o cliente", diz. Uma das apostas é fazer ofertas mais agressivas na segunda quinzena do mês.

 

Ele conta que a rede ainda não fez os pedidos paras as vendas de Natal. "Na próxima semana reuniremos toda a diretoria para tratar das estratégias de compras para fim de ano e definir as programações de compras com os fornecedores." A meta é vender 30% a mais em relação a 2009. "Estamos dentro do planejado e acreditamos muito em chegar neste índice."

 

A Ricardo Eletro projeta um crescimento de 40% das vendas no segundo semestre ano em relação aos últimos seis meses de 2009, segundo Jacqueline Feital, diretora de vendas. Será uma aceleração forte em relação aos resultados do primeiro semestre, com aumento de 9,8% no primeiro trimestre e 17% no segundo, sempre em comparação ao mesmo período do ano anterior. "Devemos entrar num ritmo mais forte, pois agora a associação com a Insinuante já está resolvida, e assim estamos preparados para focar nas estratégias de venda", diz a diretora. A projeção, contudo, considera apenas a parte da rede que era Ricardo Eletro.

 

Uma das estratégias para alavancar as vendas até dezembro é o aumento da participação dos móveis no total de produtos comercializados. Hoje, a representatividade dos móveis nas vendas da varejista é de 14%, e a intenção é elevar esse percentual para 25%.

 

No Nordeste, a rede Eletroshopping, de Pernambuco, informou que agosto reservou uma surpresa positiva, especialmente em razão da retomada do segmento de linha branca, que apresentou desaceleração na Copa do Mundo, entre junho e julho. As vendas de agosto cresceram 20% em relação ao mesmo mês de 2009, segundo informou o gerente-comercial, Cristiano Vilar.

 

De acordo com ele, o desempenho de agosto reforçou o otimismo com as vendas de Natal. "Acreditamos que será muito forte", disse Vilar, que já está negociando com fornecedores a programação para o fim do ano. A expectativa é fechar 2010 com crescimento de 25% sobre o exercício anterior.

 

Na Casa & Vídeo, no Rio, agosto foi atípico. O diretor-comercial, José Mauro Abraão, explica que por conta da demanda reprimida de julho, na Copa do Mundo, no mês seguinte as lojas bateram até as vendas de maio (Dia das Mães). O faturamento de agosto superou R$ 100 milhões, diante de R$ 95 milhões de maio.

 

As encomendas na Casa & Vídeo terão, para o fim de ano, volume 20% maior que o de 2008. Entre o fim de 2008 e 2009, a rede passou por um processo de recuperação judicial e se dividiu em duas: a Casa & Vídeo Rio de Janeiro e a Espírito Santo. "Por isso, comparamos os dados atuais com os de 2008."

 

Segundo o diretor-comercial da Dicico, Jorge Letra, as vendas da rede subiram 17% no primeiro semestre em relação ao ano passado e o segundo semestre deve ser melhor. "No fim de setembro teremos nossa maior campanha de vendas do ano por conta do aniversário da rede, e estamos reforçando os estoques", diz.

 

A exceção no bom desempenho no primeiro semestre foi junho, quando as vendas caíram 5% em relação a 2009, segundo ele, por conta da Copa do Mundo. "As atenções das pessoas estavam voltadas para a Copa, elas não estavam buscando fazer reformas naquele momento", diz ele. Julho e agosto já vieram fortes - alta de 23% nas vendas em julho e de 28% em agosto sobre 2009.

 

Como o melhor período de vendas no setor é entre setembro e outubro, o diretor acredita que o segundo semestre deve ter um crescimento das vendas acima de 20% em relação a 2009. A rede também abrirá seis lojas nos próximos três meses. "Estamos confiantes na continuidade desse bom desempenho, pois o crescimento atual da classe C cria um potencial de consumo que não existia antes."
 
 


Veículo: Valor Econômico


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