Após fim de divergências, ''Nova Globex'' prevê receita de R$ 20 bilhões em 2011

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Dois meses depois de resolvido o imbróglio entre as famílias Klein e Diniz que quase pôs fim ao maior negócio do varejo brasileiro, envolvendo a Casas Bahia e o Grupo Pão de Açúcar, a direção da nova empresa, a Nova Globex, anunciou números de vendas e planos para 2011. Também estabeleceu que, até novembro, a estrutura societária da nova empresa será concluída.

 

No primeiro semestre, a Nova Globex teve faturamento bruto de R$ 8,946 bilhões, com crescimento de 26,3% em relação a igual período de 2009, levando em conta as mesmas lojas. A cifra não inclui a operação da internet que também faz parte da nova empresa. Desse resultado, a Casas Bahia, dona de 47% da nova empresa, respondeu por 73,3%. O restante veio do Ponto Frio (23,8%) e do Extra Eletro.

 

A expectativa é encerrar 2010 com vendas brutas de R$ 18 bilhões, cifra que pode superar R$ 20 bilhões no ano que vem. "É um resultado robusto", disse Raphael Klein , presidente da Nova Globex. Ele observa que a expectativa de crescimento do mercado de eletrônicos, móveis e eletrodomésticos para este ano é de 21,3%. A empresa superou essa média no primeiro semestre.

 

O foco dos executivos hoje é pôr a casa em ordem e avaliar os benefícios da a união dos dois varejistas para a nova companhia. Nas contas de Enéas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar, que detém 53% da Nova Globex, a sinergia do negócio pode variar entre R$ 4 bilhões e R$ 7 bilhões nos próximos dez anos, trazidos a valores presentes.

 

Por enquanto, o plano de investimentos é modesto e varia entre R$ 100 milhões e R$ 120 milhões para 2011. Os recursos são próprios, voltados para a conversão e reforma de 100 lojas e 15 inaugurações.

 

Extra Eletro. Entre as mudanças programadas até dezembro, Pestana diz que a bandeira Extra Eletro vai desaparecer e as 47 lojas serão convertidas em Casas Bahia ou em Ponto Frio.

 

Dentro da nova estrutura, a bandeira Casas Bahia terá foco nas classes de menor renda (B-, C, D e E), enquanto o Ponto Frio estará focada nas camadas de maior poder aquisitivo. "O Ponto Frio será voltado para as classes A e B e será a loja de alta tecnologia, o aspiracional do público da Casas Bahia", disse Roberto Fulcherberguer, vice-presidente comercial da nova empresa.

 

Isso quer dizer que a Fast Shop, loja de eletroeletrônicos localizada em shoppings e voltada o público de alto padrão, por exemplo, vai ter um concorrente de peso, se depender dos planos da Nova Globex.

 

Hoje a Nova Globex tem 1.022 lojas, das quais 504 com a bandeira Ponto Frio e 518 com a marca Casas Bahia. São 825 lojas de rua e 197 pontos de venda localizados em shoppings.

 

Klein observou que as lojas de rua da Casas Bahia vão passar por uma remodelação. "Estamos finalizando estudos para que as lojas sejam reformuladas. Queremos que o freguês enxergue o móvel como se ele estivesse na casa dele."

 

Os planos da Nova Globex estão ancorados no crescimento da renda, do emprego e, especialmente, no boom imobiliário, que resulta no aumento da demanda por móveis e eletrodomésticos. "O Grupo Pão de Açúcar não está passando por um processo de diversificação dos negócios", frisa Pestana. Segundo ele, a estratégia é intensificar os investimentos em segmentos com potencial de crescimento.

 


Novo grupo busca ''agente financiador'' para lojas

 

A direção da Nova Globex está iniciando negociações com os grandes bancos de varejo para fechar o acordo com o novo o agente financiador da empresa. O Itaú é o banco parceiro do Grupo Pão de Açúcar e do Ponto Frio na financeira da empresa, a FIC. Já a Casas Bahia tem o Bradesco como o banco emissor dos cartões de crédito. Ele também banca parte dos carnês.

 

Raphael Klein, presidente da Nova Globex, diz que há conversas com Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, entre outros bancos, para acertar novos acordos de financiamento. Parte dos contratos de financiamento fechados com o Bradesco para cartões vence no fim do ano e, no caso dos carnês (CDC), no fim de 2016.

 

Orivaldo Padilha, vice-presidente financeiro da nova empresa, acredita que apenas um banco vai financiar as vendas da companhia. Mas ele observa que as conversas entre os bancos candidatos a financiar as vendas a prazo e a companhia ainda estão em fase inicial.

 

De toda forma, o que se deve assistir nos próximos meses é uma corrida das instituições financeiras para conquistar um mercado superlativo. A Casas Bahia e o Ponto Frio têm, juntos, 9,2 milhões de clientes ativos nos cartões de crédito, com financiamentos pré-aprovados que somam R$ 16 bilhões.

 

Carnê. Já o carnê, que foi a grande estrela das lojas de eletrodomésticos e móveis, hoje representa uma fatia pequena das vendas. Segundo Padilha, na Casas Bahia a participação do crediário varia entre 15% e 20%, a venda à vista é 25% e o restante, cartão de crédito. No passado, o crediário chegou a representar cerca de 70% do faturamento.

 

No Ponto Frio, a fatia dos carnês na receita da empresa é insignificante. "O carnê representa menos de 2%", diz o executivo. Já o cartão de crédito responde por mais de 70% dos negócios e a venda à vista representa 25%.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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