Produção de algodão já preocupa setor têxtil

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Dados da Conab indicam que o déficit interno de algodão deverá ser de 200 mil toneladas. Para conter escassez, setor pede redução tributária.A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) manifestou preocupação com a safra local do algodão, e afirmou que os reflexos dos baixos estoques da commodity já podem ser percebidos pelo consumidor final. "Teremos um déficit (de algodão) preocupante, que pode gerar um colapso no mercado nacional", declarou o presidente da entidade, Sylvio Mandel. Ele afirmou que já falta matéria-prima para a produção, com reflexos nos preços dos cobrados pelas lojas.

 

A associação representa redes varejistas como C&A, Marisa, Grupo GEP (Cori, Luigi Bertoli e Emme), Leader, Mango, Pernambucanas, Renner e Riachuelo, além do Grupo Pão de Açúcar e Walmart. De acordo com a entidade, seus associados respondem por cerca de 15% das vendas do varejo, e em 90% dos casos comercializam produtos da indústria têxtil.

 

Para o diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Moda (IbModa), André Robic, o mercado ainda não detectou saltos significativos de preços nos produtos finais. "Não creio que aconteça esse efeito no curto prazo." Se o cenário macroeconômico convergir para esse tipo de efeito, disse, ele deverá ser percebido de forma mais intensa nas coleções outono/inverno do próximo ano.

 

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confeçção (Abit) não se pronunciou sobre o assunto. O mercado comenta, no entanto, que toda a cadeia têxtil está empenhada em obter, junto ao governo federal, benefícios para reverter a situação desfavorável.

 

Importação – A Abvtex se alinhou à demanda da cadeia produtiva, pleiteando a queda do imposto de importação do algodão. Ela pede a redução imediata "para já ter um efeito a partir do mês que vem". De acordo com a entidade, o governo federal avalia algumas opções para solucionar a questão da escassez do algodão.

 

Na tarde de ontem não havia novidades sobre o assunto no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Uma decisão sobre a redução do imposto de importação do produto poderá ser tomada  hoje, quando acontece mais uma reunião bimestral da Câmera de Comércio Exterior (Camex).

 

Cenários – O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/ Esalq), Lucilio Alves, explicou que a demanda interna de algodão é de 1 milhão de toneladas. Segundo projeções da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), a safra deverá atingir 1,17 milhão de toneladas, com exportação de 400 mil toneladas e déficit interno, portanto, superior a 200 mil toneladas de algodão.

 

Alves explicou que a safra  está em fase final de colheita. "Nas últimas cinco safras, a demanda superou a oferta." Nas duas últimas, acrescentou, a rentabilidade da cultura de grãos foi avaliada, por produtores de todo o mundo, como mais atrativa que a do algodão, impactando ainda mais a produtividade. Após a crise financeira, a procura  foi maior que a esperada, e os estoques estavam em queda.

 

No Brasil, a indústria adiou as compras para beneficiar-se de preços menores na colheita.  Mas a produção local sofreu impactos. O Mato Grosso, responsável por 50% da produção nacional do item, sofreu efeitos da seca. "Houve queda de produtividade em todas as regiões, mas especialmente no Mato Grosso e em Goiás", afirmou Alves. Segundo ele, os preços, em sucessivas altas mensais, só iniciaram um período de estabilização na última semana.

 


Veículo: Diário do Comércio - SP


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