Varejo disputa R$ 9 bilhões dos aposentados

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A competição entre as redes varejistas vai aumentar este semestre, com a expectativa do varejo de receber a injeção de R$ 9 bilhões referentes à primeira parcela do 13º salário de aposentados e pensionistas. O Natal tende a ser o mais aquecido da história, tanto que a expectativa é que o índice de inadimplência cresça por conta da briga das lojas pelo bolso do consumidor.

 

Para seduzir o cliente, as lojas chegam a oferecer parcelamento de produtos de linha branca, por exemplo, em mais de 30 prestações - fato inédito no varejo. A ideia dos varejistas é estimular o impulso de compra por meio de todos os canais de venda que possam haver no mercado.

 

O grupo atacadista e varejista Assaí é um exemplo. Para atrair o cliente, o Assaí oferece 5% de desconto em marcas próprias, nas compras realizadas no cartão do grupo, e pagamento em até 40 dias, sem juros. A rede, comprada há três anos pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA), diz ter triplicado seu tamanho: hoje conta com 46 unidades em operação, e tem por objetivo até o fim do ano somar 20 novos pontos-de-venda .

 

"Hoje o consumidor final e o revendedor [padarias e mercearias], além do transformador [restaurantes e bares], têm juntos um tíquete médio de mais de R$ 100. Se falarmos em revendedor e transformador apenas, o tíquete médio é superior R$ 500", enfatizou o diretor de negócio e 'atacarejo' [vendas por atacado e a varejo] do Grupo, Maurício Cerruti.

 

O setor de eletrônicos é uma das áreas com maior disputa pelo cliente, tanto que o novo conglomerado -resultante da união de Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro, considerado pelo mercado a Nova Casas Bahia, que prevê a partir de 2012 uma expansão mais agressiva, mas estima para este ano já movimentar cerca de R$ 18 bilhões- tem feito os concorrentes reagir. É o caso do Carrefour, que anunciou semana passada o parcelamento de mais de 30 vezes na venda de vários produtos de seu portfólio.

 

Comércio eletrônico

 

A fomentação do varejo acontece por todos os canais de compras na mesma proporção das facilidades de crédito. Um exemplo disso é que ontem teve início a Detonaweb, promoção conjunta que reúne as maiores marcas do comércio eletrônico (e-commerce) brasileiro. Com ela, os consumidores poderão, segundo a empresa, encontrar até o dia 17 variados tipos de produtos em condições especiais, como descontos de até 50% no preço, frete grátis e possibilidade de parcelamento em até 12 vezes.

 

"Isto dará às pessoas a chance de comparar com mais facilidade, e consequentemente criará uma concorrência entre os participantes que levará ao aumento de benefícios ao comprador", explicou o coordenador do Comitê de Varejo Online da Camara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico) entidade que organiza a promoção, Sergio Herz. Participam da promoção neste ano são as redes Americanas, Carrefour, Colombo, Comprafacil, Extra, Magazine Luiza, Marisa e Walmart, entre outras.

 

Inadimplência

 

Segundo especialista em desenvolvimento pessoal e financeiro do MoneyFit, Antônio De Julio, a inadimplência dos brasileiros deve aumentar nos próximos meses devido à grande procura por crédito, principalmente se as pessoas não conseguirem "avaliar" o que é necessário comprar ou não, além daquilo que já compraram a longo prazo e dos juros que já estão pagando. "É preciso fazer um pit-stop nos gastos antes que seja tarde demais", alertou.

 

Segundo ele, as dívidas que os brasileiros contraíram são dívidas de prazos longos, como, por exemplo, a venda recorde de automóveis, incentivado pelos descontos que o governo concedeu para combater efeitos da crise econômica mundial. Outros itens que poderão influir na geração de inadimplência no futuro são os descontos concedidos para a "linha branca" de eletrodomésticos, e também para móveis. "As pessoas compraram esses bens por impulso, sem calcular os valores dos juros e incentivados pelo 'massacre' das campanhas das montadoras e lojas nos principais meios de comunicação."

 

Como os juros desses financiamentos aumentam as parcelas, "vai ficar mais difícil honrar as contas atuais, sem falar nos reajustes rotineiros de água, luz, serviço de saúde, entre outros" alerta De Julio.

 

O presidente do Instituto Provar, Claudio Felisoni, diz que as pessoas vão ver o 13° como oportunidade de gastar mais em em viagens e festas. A classe emergente não vê esse dinheiro como uma oportunidade de quitar as contas. "As promoções vão fazer as pessoas gastar o 13° antes de recebê-lo", explicou. Ele acredita que os pilares do varejo para os próximos anos serão os supermercados no segmento de alimentação, os shoppings que firmam seu posicionamento em lugares em que ainda não estavam presentes e a venda de eletroeletrônicos, com o crescimento da nova Globex.

 

"O supermercado dentro do varejo de alimentos é algo que deve crescer cada vez mais daqui para a frente, pois a classe emergente vai mais vezes ao supermercado comprar produtos que antes não comprava. O segmento de eletroeletrônicos fica mais consolidado com as últimas movimentações, mas daqui em diante também deve ter novos desafios", afirmou o coordenador do núcleo de varejo da ESPM, Ricardo Pastore.

 

Já Cláudio Felisoni vê o setor de material de construção como parte de um dos segmentos que devem obter destaque nos próximos meses. "Deve crescer a longo prazo, porém primeiro deve lidar com a informalidade para conquistar mais espaço no mercado varejista", explicou.

 

Veículo: DCI


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