Ainda não será no Dia das Crianças que os consumidores irão frear o consumo como reflexo da crise internacional, que começa a afetar também as economias locais. A expectativa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) é de um crescimento de 11% nas vendas em outubro na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos próximos 15 ou 20 dias, entretanto, os supermercadistas já deverão sentir o efeito da diminuição de crédito e, conseqüentemente, da desaceleração do poder de consumo da população.
O alerta é do presidente da entidade, Antônio Cesa Longo. "O cenário da crise, que começou especulativo, já ganhou contornos mais sérios e, se perdurar, vai refletir em breve na redução das vendas", aponta. Nos supermercados, a comercialização de produtos importados representa apenas 1,5% do total. Porém, muitas outras mercadorias têm mais de 80% das suas matérias-primas atreladas à cotação do dólar e devem ser as primeiras a ter um aumento dos preços. É o caso dos produtos de higiene e perfumaria. O efeito também deve ser sentido nos alimentos, em função da elevação do preço das commodities.
Longo apresentou ontem, na sede da Agas, os resultados do levantamento sobre tendências de vendas para o Dia das Crianças, feito pela Segmento Pesquisas. O estudo aponta que os principais presentes que os pais vão comprar nesse ano são brinquedos, roupas/calçados infantis, vídeos/DVDs e jogos. Dos entrevistados, 42,5% afirmaram que os filhos têm muita influência nas escolhas dos presentes.
Nas famílias com mais alto poder aquisitivo, esse poder de convencimento atinge 60%, sinalizando que o fator renda facilita aos pais darem para os filhos aquilo que eles querem. Este aumento da influência também ocorre paralelamente com o aumento da idade. Para as crianças, celular, jogos de computador e tocadores MP3 e MP4 também lideram as preferências.
A estimativa da Agas é de que nesse ano 25,2% dos gastos totais das compras para o Dia das Crianças parem nos caixas dos supermercados. Do mix dessas lojas para o Dia das Crianças, 3% são de brinquedos, índice que costuma ser de 1% no restante dos meses do ano. Atualmente 20% dos brinquedos vendidos pelos supermercados gaúchos são produzidos pela indústria gaúcha. Eles não têm a característica high tech comum nos importados, mas se destacam pelo apelo lúdico e preços mais baixos.
Longo relata que os supermercados vão fazer grandes promoções e investir na decoração para atrair as crianças às lojas. "A conveniência e o aumento da variedade do mix de produtos estimulam a compra de presentes nos supermercados", acredita.
O presidente da Agas relatou ainda que os supermercados estão antecipando as ações para as festas do final de ano. Nos últimos dias algumas lojas já começaram a expor panetones e, na próxima semana, iniciam a exposição de espumantes.
Veículo: Jornal do Comércio - RS