Em Minas, estima-se produtividade 0,9% menor ante à da safra anterior.
Mesmo diante do avanço da colheita, os preços do algodão em pluma registraram expressiva alta em agosto no mercado brasileiro, conforme levantamento feito por técnicos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No acumulado do mês, o Indicador Cepea/Esalq com pagamento em oito dias teve forte alta de 37,48%, com média mensal de R$ 1,8507/lp (a maior desde outubro/04, em termos reais). Além disso, os valores diários se aproximaram dos maiores preços nominais já observados no mercado interno, de R$ 2,3072/lp, em 16 de janeiro de 2004.
No acumulado deste ano (até 31 de agosto), o Indicador do Cepea subiu significativos 65,35%. Considerando as médias de julho e de agosto, período de pico de colheita e beneficiamento, esse cenário de forte alta só foi observado em 2002, quando houve acréscimo de 24,8%. Naquele ano, a oferta esteve bastante abaixo da demanda, fazendo com que os preços subissem expressivos 85,5% de julho/02 a dezembro/02.
Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio da demanda, que superou a oferta do produto no mercado spot. Isso ocorreu porque muitas têxteis consultadas pelo Cepea não fizeram estoques e/ou contratos antecipados suficientes para o andamento dos trabalhos de manufatura, aguardando para comprar nesta época da safra, quando, normalmente, os preços tendem a cair.
No entanto, a oferta da pluma no mercado spot foi baixa em agosto e, como esses compradores tinham necessidade imediata do insumo, aceitaram os maiores valores pedidos por vendedores.
Produtores consultados pelo Cepea, por sua vez, estiveram cautelosos na realização de negócios, visto que muitos aguardavam a definição do volume total a ser colhido na safra e seguiram apenas cumprindo contratos, que representam quase 70% da oferta nacional.
Conab - De acordo com o relatório da Conab divulgado no início de agosto, a produção de algodão em pluma deve ser 3,5% inferior à safra anterior, somando 1,17 milhão de toneladas. A justificativa para esta queda são as expressivas reduções de áreas na região Nordeste do País e a menor produtividade nos estados da região Centro-Sul, devido ao clima desfavorável durante a fase de desenvolvimento.
Ainda segundo a Conab, em Mato Grosso (maior produtor nacional), a produtividade, que foi prejudicada pela estiagem entre março e abril, diminuiu 5,1% nesta safra. Por outro lado, na Bahia, houve acréscimo de 15,8% na produtividade, influenciada por condições climáticas favoráveis.
Em Minas Gerais, ainda que algumas áreas tenham sofrido com a escassez de chuvas a partir de abril, as lavouras vêm se desenvolvendo bem e estima-se uma produtividade 0,9% menor se comparada à da safra anterior.
Segundo o Cepea, devido as fortes altas nas cotações, para o segmento industrial, a alternativa deve ser a importação. Assim, será preciso aguardar pelo menos até que a safra do Hemisfério Norte entre com maior intensidade, estimado para a segunda quinzena de setembro. Um dos exportadores em potencial para empresas brasileiras são os Estados Unidos.
No mercado de fios, apesar dos baixos estoques, algumas fiações consultadas pelo Cepea estiveram fora do mercado no correr de agosto. Essas indústrias têm a alternativa de trabalhar com outros tipos de fibras e sinalizam suspender a venda de fios de algodão para os próximos meses, enquanto aguardam definição de preços.
Quanto às exportações, segundo a Secex, o volume de pluma embarcado em julho, de 19,4 mil toneladas, foi 7,2% superior ao de junho/10 e 77,4% maior que o de julho/09. Nos sete primeiros meses deste ano, foram exportadas 154,9 mil toneladas, enquanto que, em 2009, esse volume foi de 226,5 mil toneladas, decréscimo de 31,6%.
Comerciantes consultados pelo Cepea seguiram ativos, visando o cumprimento de contratos, são poucos os casos que estes demonstraram interesse em negociações casadas. No entanto, esses agentes tiveram dificuldade em entregar a pluma, devido à disparidade entre preços de compra e venda.
Quanto aos valores externos, apesar de o movimento de alta ter sido menos intenso, os preços caminharam para as máximas históricas. Enquanto no mercado mundial prevalecem as preocupações com a safra do Paquistão e ordens de compras são emitidas diante de indicadores técnicos positivos, no Brasil, a demanda firme e a baixa disponibilidade de produto, em plena safra, deram o tom altista.
Veículo: Diário do Comércio - MG