Klabin deve acelerar projeto para cartões

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Celulose e papel: Principal fornecedora da Tetra Pak, empresa avalia máquina de até 500 mil toneladas/ano

 

Há dois anos, Monte Alegre recebeu investimentos de R$ 2,2 bilhões, que duplicaram a produção desse tipo de papelMaior máquina de papel-cartão da América Latina, a linha 9 instalada pela Klabin na unidade Monte Alegre, em Telêmaco Borba (PR), segue superando as previsões originais do projeto. Após atingir plena operação com quase um ano de antecedência, o equipamento tem registrado picos de produção 14% acima de sua capacidade nominal, de 350 mil toneladas anuais, e poderá ultrapassar, mais adiante e com "pequenos investimentos", as 400 mil toneladas por ano.

 

Ainda assim, a Klabin poderá acelerar os estudos para implantação de uma nova linha de cartões no complexo paranaense, diante do prognóstico positivo para o mercado de embalagens, e de construção de uma nova fábrica de celulose de eucalipto, que alimentará a expansão na área de papel. "A máquina 9, sozinha, não resolve o risco de falta de cartão no médio e longo prazos", afirma o diretor industrial da unidade Monte Alegre, Arthur Canhisares.

 

Ao tornou público o plano de construir mais uma fábrica de celulose, o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher, indicou que o projeto não deveria entrar em operação antes de 2015, diante da necessidade de florestas para abastecer a unidade e da envergadura do investimento. Considerando-se uma linha com capacidade 1,5 milhão de toneladas de celulose branqueada de eucalipto por ano, os aportes não devem ser inferiores a US$ 1,5 bilhão. Isso sem contar os recursos investidos em papel-cartão. No mais recente movimento nesse mercado, a Klabin desembolsou mais de R$ 2 bilhões e incluiu, assim, a fábrica de papéis de Telêmaco Borba no grupo das 10 maiores do mundo.

 

Poernbacher, contudo, ressaltou que uma nova máquina de cartões poderia ser instalada antes da fábrica de celulose, uma vez que há possibilidade de aquisição da matéria-prima de terceiros durante determinado período. Hoje, a Klabin compra cerca de 35 mil toneladas por ano de celulose branqueada no mercado, para abastecer a unidade do Paraná, onde produz 220 mil toneladas anuais da matéria-prima, das quais 70% fibra curta. "A máquina 10 (de cartão) pode ser gêmea ou chegar a 500 mil toneladas. O tamanho e o cronograma ainda estão em estudo", diz Canhisares. "O que se pode dizer é que será construída um pouco antes do que faça a concorrência."

 

A possibilidade de produção de papel-cartão maior do que a concebida no projeto vem em bom momento: entre as indústrias consumidoras da embalagem, especialmente a de alimentos e higiene pessoal, há temor de que falte produto no mercado interno entre este mês e o próximo. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de celulose e Papel (Bracelpa) ontem, a produção nacional de cartões cresceu 17,1% entre janeiro e agosto, ante igual intervalo de 2009, para 542 mil toneladas. No mesmo período, as vendas domésticas saltaram 26,8%, as exportações recuaram 2,5% e as importações, que não são significativas, ficaram estáveis. Para Canhisares, a instabilidade econômica trazida pela crise comprometeu o planejamento ao longo da cadeia de cartões, o que provocou, pontualmente, escassez de produto. "A instabilidade levou a um erro de cálculo." Com o surgimento da "nova classe média" no país, e o potencial desses consumidores, explica o diretor industrial, é possível traçar um cenário positivo para as vendas de cartão nos próximos anos. "Naturalmente, esse vai ser o principal negócio (da companhia), afirma.

 

Na unidade Monte Alegre, a Klabin produz cerca de 700 mil toneladas por ano de papel-cartão, a maior parte de Liquid Packaging Board (LPB), utilizado em embalagens longa vida para alimentos líquidos e pastosos. Nesse segmento, tem como principal cliente a Tetra Pak, da qual é a maior fornecedora, e iniciou negociações com a Sig Combibloc, que recentemente iniciou investimento de € 90 milhões para construir sua primeira fábrica no Brasil. Instalada em Campo Largo (PR), poderá produzir até 2 bilhões de unidades por ano. No mesmo Estado, a Tetra Pak fabrica cerca de 5 bilhões de embalagens anualmente e já anunciou que vai expandir a unidade.

 

De acordo com o gerente de produção de papéis da unidade Monte Alegre, Ricardo Batista, o desempenho melhor do que o esperado da máquina 9, que elevou a 1 milhão de toneladas por ano a capacidade total de papéis da Klabin no Paraná, decorre também do bom balanceamento de matérias-primas. Ali, a companhia experimentou uma nova técnica, que prevê o cozimento conjunto de fibras de pinus e eucalipto, mais tarde reconhecida por especialistas como tecnologia eficiente para a produção de cartões de alta resistência e passíveis de impressão. O cartão produzido pela Klabin é classificado como duplex em termos de cores e triplex por número de camadas, com recheio de pasta de celulose de alto rendimento (CTMP, na sigla em inglês).

 

Além de cartões, são produzidas pela companhia no Paraná entre 320 mil e 350 mil toneladas anuais de papel kraft de fibra virgem, que são exportadas ou vendidas internamente para conversão, inclusive para unidades de papelão ondulado da própria empresa.

 

Veículo: Valor Econômico


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