A rede varejista francesa Carrefour ampliou, após o aprofundamento de uma auditoria externa coordenada pela KPMG, a projeção de despesas com encargos extraordinários em suas operações no Brasil, que podem atingir até 180 milhões de euros neste ano (algo próximo a R$ 420 milhões), ante uma estimativa de 90 milhões de euros divulgada anteriormente.
Segundo a companhia, foram reconhecidos inicialmente como não-recebíveis um conjunto de bonificações, ajustes de inventário e depreciações. "No entanto, após 12 semanas de auditoria externa, foram identificadas questões adicionais mais específicas, em itens tais como bonificações, litígios tributários e baixa contábil em estoques", informou o Carrefour em nota à imprensa.
Por trás da auditoria está a troca de comando das operações da varejista no Brasil, que desde julho está a cargo de Luiz Fazzio, executivo experiente no mercado varejista brasileiro, em substituição ao francês Jean Marc Pueyo. Fazzio tem a missão de recuperar as margens e as vendas dos hipermercados no Brasil, que no terceiro trimestre deste ano registraram queda de 0,8% no conceito mesmas lojas em comparação ao mesmo período de 2009.
O desempenho da varejista francesa no Brasil foi compensado no período pelo avanço das vendas da bandeira Atacadão - rede adquirida em 2007 -, que cresceram 12,8% no conceito mesmas lojas.
O diretor financeiro do Carrefour na França, Pierre Bouchut, descartou, segundo informações da Dow Jones, que os encargos extraordinários sejam conseqüência de fraude ou má conduta. Bouchut disse, porém, ser difícil dar mais detalhes até que a empresa obtenha os resultados da auditoria dos resultados financeiros no Brasil, que deverá ser concluída antes do final deste ano. Em razão dos ajustes contábeis, a matriz da companhia rebaixou sua meta de lucro operacional em 2010 para 3 bilhões de euros, ante projeção anterior de 3,1 bilhões de euros.
Veículo: Diário do Comércio - MG