Varejo esquece a política e aposta em Natal aquecido

Leia em 4min

A indecisão política no cenário nacional não deverá alterar o otimismo do varejo com relação às vendas até o Natal. Especialistas preveem que, independente da decisão do País em 31 de outubro, o consumidor continuará comprando, e muito. Uma projeção da MB Associados estima que os brasileiros gastem cerca de R$ 98 bilhões apenas neste Natal.

 

O número é maior do que o registrado em 2009, quando os brasileiros desembolsaram R$ 92, 8 milhões em compras natalinas. Com essa previsão otimista, o varejo começa a se movimentar para juntar estoque a fim de atender ao aumento da demanda. A consultoria estima que alguns ramos do varejo precisem expandir em até 60% sua carta de ofertas este ano, se comparados a 2009.

 

Para sustentar esse otimismo, questões como o aumento da renda, do emprego formal e do crédito dão segurança ao consumidor. "Como a política monetária não será tão 'contracionista', teremos crescimento importante do varejo no fim do ano", afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Ele diz que as eleições não afetarão o comércio: "O consumidor está confiante e a estimativa continua a valer".

 

Ulisses Ruiz de Gamboa, economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV), também já prevê boas vendas, independentemente do cenário político. "As vendas do comércio varejista estão garantidas até o Natal, em razão da volta da confiança do consumidor no segundo semestre", disse.

 

Para o executivo, a escolha entre o peessedebista José Serra e a petista Dilma Rousseff não trará mudanças amplas à economia. "Existe uma percepção de que o ciclo político não trará mudanças radicais à economia porque temos um mercado interno em franca expansão, atraindo investimentos externos e a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça em torno de 7,4%."

 

"O consumidor está bastante otimista com a situação econômica e isso mostra que as vendas do comércio irão de vento em popa até o Natal", continuou ele. Para Gamboa, mesmo com a mudança do cenário, o tripé formado por aumento da renda, estabilidade do emprego e expansão da oferta de crédito será mantido. "É o reflexo de uma composição sólida de variáveis depois da recuperação de um ano de crise."

 

Para Julio Panzariello, consultor da JS Treinamentos de Varejo, as eleições não irão inibir o consumidor até janeiro. "Até o final de dezembro estaremos sob a direção do governo atual, só em janeiro poderemos falar com mais certeza quais rumos o consumidor brasileiro adotará."

 

Gamboa, que também prevê uma pequena queda no mês de janeiro, não a atribui às mudanças no quadro político brasileiro. "Certamente haverá um efeito sazonal porque é o mês tradicional de acúmulo de contas, não necessariamente será reflexo de confiança, ou falta de confiança, no novo governo", diz.

 

Concessionárias

 

Em contra partida, para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sergio Reze, a mudança no quadro político deverá trazer alguma mudança no quadro nacional. "Independentemente de quem ganhe a eleição, seja a candidata da situação ou o candidato da oposição, o segmento de concessionárias deverá sentir um pouco", disse.

 

O motivo, para o executivo, é que novas gestões sempre trazem alguma insegurança. "O quadro econômico nacional vai bem, o consumidor está seguro, mas as mudanças intimidam ", diz.

 

A redução, no entanto, não deverá durar. "Depois dos primeiros meses de governo, quando o consumidor perceber que a economia segue firme, ele voltará a comprar. Não estamos assustados com a mudança, nem prevemos vendas ruins, é só um padrão de comportamento", afirmou.

 

Para Panzariello, a pequena estagnação deverá acontecer apenas entre os produtos mais caros. No varejo popular, hipermercados, livrarias, perfumarias, o otimismo deve continuar. "É possível que nos primeiros meses da nova gestão o consumidor não tome iniciativas de comprar carro ou casa, mas não acho que gerará algum tipo de desconforto no comércio como um todo." Para as vendas de 2010 a expectativa de crescimento continua forte. "Estamos otimistas com relação às vendas deste ano, que deverão crescer mais de 8%", disse.

 

O otimismo é comprovado pelos indicadores, e para este fim de ano índices têm mostrado crescimentos até mesmo recordes. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou vendas 10,4% maiores em agosto último, se comparado a agosto de 2009, e, nos últimos 12 meses, aumento de 10,1% na mesma base de comparação.


Veículo: DCI


Veja também

Brasil reduz projeção de lucro global do Carrefour

O grupo francês Carrefour informou ontem que os ajustes contábeis em andamento nas contas da subsidiá...

Veja mais
Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar mudam executivos e estratégias

Para analista, essas alterações indicam esforço de adaptação à expansão...

Veja mais
Famílias são barreira para nova onda de compras

O preço da ação da SABMiller subiu muito na semana passada, devido a rumores de que ela estaria de ...

Veja mais
Empresas barram genéricos, diz secretário

Cerca de 20 remédios genéricos importantes deveriam entrar no mercado nacional nos próximos dois an...

Veja mais
Embaré prevê faturar até 30% mais este ano

A produtora de lácteos mineira Embaré deve fechar o ano com aumento de 28% a 30% no faturamento, segundo e...

Veja mais
Gaúchos colhem trigo e apostam na qualidade

Jacobsen acredita em safra de trigo maior e com mais qualidade   Os agricultores gaúchos deram a largada n...

Veja mais
Carrefour prevê o dobro de despesas

A rede varejista francesa Carrefour ampliou, após o aprofundamento de uma auditoria externa coordenada pela KPMG,...

Veja mais
Ainda em alta, preço do açúcar deve cair só em março

O mercado espera que o açúcar feche o ano com uma oscilação de preços entre 25 e 30 c...

Veja mais
Classes C e D são as que menos compram alimentos orgânicos

Pesquisa da GfK aponta ainda que maioria dos brasileiros não adquire estes produtos.   A GfK, 4ª maio...

Veja mais