Os preços da celulose de fibra curta, que se mantiveram estáveis ao longo de setembro e neste mês apesar da expectativa de queda por parte de analistas, estão sendo beneficiados pela desvalorização do dólar frente às moedas dos principais países produtores da matéria-prima, assim como ocorre com as commodities em geral. Além do efeito cambial, os chineses, que têm cumprido papel relevante para a trajetória de alta da celulose neste ano, estariam retomando as compras da fibra.
Na terça-feira, a consultoria finlandesa Foex, que divulga pesquisa semanal de preços da matéria-prima, informou que a cotação da fibra curta, uma especialidade dos produtores brasileiros, permaneceu estável no mercado europeu pela sétima semana consecutiva, em US$ 870 a tonelada. Na China, houve queda de 0,27% na comparação semanal, para US$ 776,13 por tonelada. "Os preços da celulose pararam de subir, mas ainda assim estão em um patamar muito bom", afirma o analista Victor de Figueiredo, da Planner Corretora.
Em setembro, havia receio de que novo corte de preços pudesse ser anunciado pelos principais produtores de celulose de fibra curta diante do aumento mais forte do que o esperado nos estoques globais. Segundo o Conselho de Produtos de Celulose e Papel (PPPC, na sigla em inglês), o volume estocado subiu para 34 dias em agosto, ante 29 dias em julho e 25 dias em junho, de volta ao nível médio histórico. Apesar desse dado, não houve recuo nas cotações.
Entre analistas, consultores e executivos da indústria de celulose e papel, é consenso que um novo ciclo de baixa das cotações só deve ter início a partir da segunda metade de 2012, quando está previsto o início da operação da fábrica da Eldorado Brasil, que deverá produzir 1,5 milhão de toneladas por ano da matéria-prima em Três Lagoas (MS). Até lá, ressaltam, não há previsão de oferta adicional da fibra e a demanda deverá mostrar forte expansão, puxada pelos chineses.
No longo prazo, segundo projeção da Pöyry Tecnologia, os asiáticos serão responsáveis pelo consumo de 50% do total de celulose de mercado, ante 35% há dois anos, e a capacidade produtiva na América Latina será quase que equivalente à demanda da China.
Desde janeiro, foram feitos seis reajustes e um corte de preços (de US$ 50 por tonelada, a partir de agosto) pelos produtores, alcançando US$ 870 a tonelada em outubro na Europa, mercado considerado referência pela indústria. Na América do Norte, o preço lista segue em US$ 900 a tonelada e na Ásia, incluindo China, US$ 800.
Veículo: Valor Econômico