Novos donos vão manter marca e plano de expansão

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Na última sexta-feira, o Estado perdeu seu maior representante no setor supermercadista do país, com a compra da rede Irmãos Bretas, Filhos e Cia (Supermercados Bretas), a sétima maior do Brasil, pelo grupo chileno Cencosud, que desembolsou R$ 1,35 bilhão na transação. Na avaliação de empresários do segmento, a incorporação de grupos mineiros por grandes empresas deve se transformar em uma tendência em Minas.

 

Apesar disso, o setor no Estado não deve ficar fragilizado. Segundo o ex-presidente do grupo Bretas Estevam Duarte de Assis, o nome da marca será mantido, assim como os 12 mil funcionários, o quadro de fornecedores e o plano de expansão previsto para ser concluído ainda neste ano. A estimativa é de que em 2010 o faturamento da rede chegue a aproximadamente R$ 2,5 bilhões, R$ 400 milhões a mais que no ano anterior.

 

A empresa chilena adquiriu as 63 lojas da rede e, até o final de 2010, deverá incorporar mais sete unidades, que serão inauguradas até dezembro deste ano. Além disso, a Cencosud também contará com o Centro de Distribuição, que tem capacidade para atender 300 lojas, quase cinco vezes mais do que o tamanho do grupo.

 

Dívida - A dívida de R$ 60 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contraída para a realização do plano de expansão do Bretas, foi dividida entre as duas partes. A empresa chilena deverá arcar com a menor fatia, embora os valores não tenham sido divulgados.

 

O acordo de R$ 1,35 bilhão também inclui a venda dos 12 postos de gasolina Bretas já existentes no Estado, além de mais três unidades que serão entregues à Cencosud no prazo de dois anos. A aquisição representa um novo nicho de mercado para a companhia chilena, que, além do setor supermercadista, atua em outros segmentos do varejo.

 

A negociação, no entanto, não inclui os imóveis, apenas as operações e a marca Bretas. Atualmente, cerca de 35% dos estabelecimentos da empresa são alugados e os contratos já foram repassados aos novos proprietários. Os 65% dos imóveis restantes continuarão a pertencer aos antigos donos, que arrendarão os terrenos à Cencosud em troca do pagamento de 1,5% do faturamento obtido através da aquisição.

 

Também ficou estabelecido que, durante os próximos 10 anos, os ex-proprietários do grupo Bretas não poderão atuar neste mercado nos estados em que há lojas do grupo, no caso, Minas Gerais, Goiás, Bahia e em Brasília, no Distrito Federal. "Vamos aproveitar o momento para investir em outras áreas, mas não descartamos a possibilidade de voltar para o setor no futuro", afirmou ontem Assis, durante o comunicado oficial sobre a venda, na sede da Associação Mineira de Supermercados (Amis), em Belo Horizonte.

 

Shoppings - Além dos imóveis que abrigam os supermercados, o Bretas, que agora passará a se chamar grupo São Francisco, possui uma construtora e três shoppings, em Rio Verde (GO), Patos de Minas (Triângulo Mineiro) e Montes Claros (região Norte), que também conta com um hotel pertencente à empresa.

 

Há, ainda, outro hotel em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). "Já assumimos compromissos de construção de mais malls e também devemos continuar investindo no ramo da hotelaria", disse o ex-presidente.

 

Ele argumentou que a diversificação dos negócios faz parte de uma estratégia previamente aprovada por todos os diretores do grupo. "Somos uma empresa familiar, sendo 14 integrantes na diretoria. Caso algum fator externo viesse a atrapalhar nossos negócios, como o comércio pela internet, por exemplo, estaríamos todos falidos", disse.

 

Apesar da afirmação, Assis garantiu que a empresa não foi vendida em função de problemas financeiros ou administrativos. "Não fomos severamente atingidos pela crise econômica mundial. Todas as dívidas do grupo estão controladas e o plano de expansão tem sido bem-sucedido. O que aconteceu foi que surgiu a oportunidade no momento certo", explicou.

 

"O diretor-presidente da Cencosud é o brasileiro Sílvio Pedra, que fez estágio no Bretas. A empresa chilena também é familiar, tem um perfil parecido com nosso grupo. Eles pretendem continuar na mesma linha de gestão adotada por nós, que garantiu o sucesso dos negócios", justificou.

 

"Temos um acordo de assessorar os novos gestores durante três anos. As garantias, além de um preço acima do estipulado pelo mercado, fizeram com que o acordo fosse fechado em apenas quatro meses. Tais condições são as que diferenciam a rede chilena das multinacionais Walmart e Carrefour, para as quais não queríamos vender a marca, apesar das inúmeras propostas ao longo dos anos. A empresa não é mais mineira, mas queremos deixar o patrimônio no Estado", concluiu.

 

Expansão - Os supermercados Bretas são a quarta rede adquirida pela empresa chilena, sendo a terceira apenas neste ano. No início de março, a Cencosud anunciou a compra da rede supermercadista cearense Família, de Fortaleza, por US$ 33,1 milhões. Em abril, comprou a rede Perini, com operações em Salvador, por US$ 27 milhões. No final de 2007, os chilenos incorporaram, por US$ 430 milhões, a sergipana GBarbosa, atualmente a 4ª maior rede supermercadista do Brasil, segundo o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

 

Além de passar a operar no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país, o grupo chileno atua também na Colômbia. Fora isso, é líder no mercado varejista peruano através da bandeira Wong e pretende ainda conquistar a primazia no Chile, onde disputa com as redes Jumbo e Santa Isabel, além da Argentina, onde as principais concorrentes são a Jumbo e a Disco.

 

São mais de 100 mil funcionários distribuídos entre os 78 hipermercados, 447 supermercados, 77 lojas de melhoramento de casas e construção, 24 centros comerciais, 30 multilojas e 10 shopping centers nos cinco países em que a Cencosud está presente.

 

Com 55 anos de mercado, o Bretas começou sua história com um armazém de 170 metros quadrados e sete funcionários, em Santa Maria de Itabira, na região Central de Minas.

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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