A bacia leiteira do Rio Grande do Sul anda a passos largos para se tornar uma das maiores do País. De olho nesse potencial, o grupo Renner Herrmann inaugura hoje, em Estação, a Relat, indústria que marca a entrada da empresa no setor de lácteos. Trata-se de uma processadora de soro de leite, com capacidade instalada de 1,2 milhão de litros do produto ao dia e potencial inicial de transformar 100 mil litros ao dia.
"Resolvemos diversificar, sair da produção tradicional e partir para o soro doce desmineralizado", explica o diretor da Relat, Cláudio Hansen de Souza. A matéria-prima é utilizada por indústrias de alimentos para composição de produtos como sorvete, chocolate, biscoitos e pães. O soro de leite em pó também entra na formulação de bebidas isotônicas, bebidas lácteas e leites modificados. Na alimentação animal o seu aproveitamento é relevante na produção de rações.
O investimento total na planta, considerada como a maior transformadora de soro de leite do Sul do Brasil, foi de R$ 50 milhões, dos quais R$ 30 milhões para a compra de equipamentos. O soro de leite é oriundo das queijarias e, por não ser beneficiado, acaba sendo tratado como resíduo. No descarte, provoca danos ao meio ambiente com a poluição de riachos e rios. No aproveitamento para a nutrição animal também gera outros problemas, uma vez que alguns países não compram carne de animais alimentados com soro de leite in natura.
A transformação do produto em pó, no entanto, vai gerar valor agregado reduzir a dependência de importações, já que até agora o abastecimento no Estado depende das compras externas. "Vamos ajudar a solucionar um problema ecológico e ao mesmo tempo oferecer um produto com preços mais competitivos se comparado com o importado", disse Souza. Ao chegar a sua capacidade total, a fábrica terá condições de processar 70 toneladas do soro em pó ao dia.
A intenção da Relat é, em um futuro próximo, começar a trabalhar com fracionamento de soro, processo que separa as proteínas, aminoácidos e minerais para que depois sejam por diversos segmentos, como o farmacêutico e o de alimentos.
A escolha pelo município de Estação, localizado na microrregião de Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul, se deu pelas vantagens logísticas. "Estamos próximos das seis principais queijarias do Estado e de Santa Catarina", afirmou o diretor. Instalada em terreno de 150 mil metros quadrados, a fábrica deverá gerar pelo menos 200 empregos diretos e indiretos quando estiver em plena atividade.
Veículo: Jornal do Comércio - RS