A Votorantim Celulose e Papel (VCP) decidiu adiar o plano de construção de sua fábrica no Rio Grande do Sul, que estava originalmente prevista para 2011. O projeto de investimento é avaliado em pelo menos US$ 1,5 bilhão.
Segundo o presidente da companhia, José Luciano Penido, o adiamento tem relação com os efeitos da crise financeira sobre a demanda por celulose e com a aquisição da Aracruz, em dificuldades financeiras. A VCP não definiu nova data para o projeto no Rio Grande do Sul. Segundo Penido, a decisão será ainda comunicada ao mercado. "Minha empresa vai fazer um comunicado de forma a adequar os projetos ao longo do tempo."
Este é o primeiro projeto de produção de celulose de eucalipto a ter sua data adiada depois do estouro da crise financeira. As fabricantes de celulose planejam aumentar a capacidade de produção em 11,5 milhões de toneladas até 2015 na América Latina, com a instalação de dez projetos, que inclui expansão das atuais fábricas e construção de novas unidades. Isso representa um aumento de 20% sobre a oferta atual de celulose.
"Na situação atual, o único projeto que deve sair no 'timing' certo é o Horizonte, que já está com 85% construído", disse Penido, indicando a fábrica que está sendo erguida em Três Lagoas (MS). A unidade deve começar a produzir 1,3 milhão de toneladas de celulose a partir do segundo trimestre de 2009. O projeto é orçado em US$ 1,5 bilhão.
"Não posso falar pelas outras empresas, mas elas podem, no seu melhor juízo de prudência, adiar seus planos", afirmou o presidente da VCP. Ele não quis dar previsões sobre o projeto de expansão da Aracruz em Guaíba (RS), cujas obras recentemente tiveram início e a operação está prevista para começar no fim de 2010.
O presidente da VCP reiterou que as negociações para a compra do controle majoritário da Aracruz não estão descartadas. "Claramente, a Aracruz esteve envolvida em derivativos. A proporcionalidade dos ativos muda, e a VCP resolveu dar um tempo e discutir isso [a aquisição] num tempo certo com mais tranqüilidade", afirmou, sem definir prazo. Ele garantiu que a VCP, que divulga seu balanço do terceiro trimestre na semana que vem, não operou com derivativos.
A Suzano Papel e Celulose, que possui um plano de construção de uma nova fábrica em 2013 no Maranhão, afirmou que a decisão sobre os investimentos só será tomada dois anos antes. "A compra dos equipamentos ocorrerá apenas em 2011. Até lá, os investimentos serão muito pequenos", disse o presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto.
Antes disso, a empresa terá de decidir sobre a expansão da unidade em Mucuri, na Bahia, que aumentará sua capacidade em 400 mil toneladas a partir de 2012. "Esta decisão fica para janeiro do ano que vem", disse.
Veículo: Valor Econômico