Mercado: Cultivo chega a 54%, enquanto cotação recua 6,6% em 12 meses
O plantio de arroz avança a passos largos no Rio Grande do Sul. Em apenas uma semana, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) identificou que a semeadura aumentou 21 pontos percentuais e cobriu 54% da área total que já recebe as sementes neste ciclo 2010/11. No mesmo período de 2009, 32% da área de arroz no Estado havia sido plantada.
O rápido avanço do cultivo se deve às condições climáticas favoráveis criadas pela La Niña. Se no Centro-Oeste o fenômeno tem atrasado o plantio das safras de soja e milho, no Rio Grande do Sul o tempo seco cria uma situação bastante favorável ao arroz.
"Quanto mais cedo plantamos, melhor são as perspectivas para a produtividade. Isso porque o período de reprodução da planta coincide com os meses de maior luminosidade solar, que acontece em janeiro e fevereiro", afirma Valmir Menezes, diretor técnico do Irga. Segundo ele, o plantio estará concluído até o fim de novembro, chegando ao percentual de 70% até o final desta semana. "Nossa meta é terminar a semeadura até o começo de novembro nos próximos quatro ou cinco anos. Isso traria um ganho tecnológico e de produtividade muito elevado."
Tanto o Irga quanto Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam que nesta safra serão cultivados 1,12 milhão de hectares, recuperando o espaço perdido no ciclo 2009/10. O órgão federal, no entanto, prevê uma produtividade de 6.985 quilos por hectare. Mais otimista, o Irga estima um rendimento entre 7.000 e 7.500 quilos por hectare.
Apesar do bom momento da produção, os preços ainda preocupam os agricultores gaúchos. Dados da consultoria Safras & Mercado mostram que o preço médio da terceira semana de outubro foi o mais baixo desde junho do ano passado. Na média, a saca do grão em casca ficou em R$ 25,55, queda de 4,1% em relação ao mesmo período do mês passado e 6,6% inferior quando comparado a igual momento de 2009.
Na avaliação do analista Élcio Bento, da Safras & Mercado, o movimento de queda dos preços pode estar próximo do fim. "Em Chicago a tonelada é cotada a US$ 311. No Uruguai a tonelada vale US$ 290 e com esses preços e com o câmbio a R$ 1,70 a saca do arroz uruguaio seria internalizada no Brasil a R$ 27,24, contra uma média de R$ 25,55 por saca do mercado gaúcho. Estes números mostram que hoje a pressão externa já não seria motivo para baixa sobre o mercado nacional", diz o consultor.
Veículo: Valor Econômico