O preço médio pago ao pecuarista de leite em outubro, referente à produção entregue em setembro, ficou praticamente estável, com variação negativa de 0,6% em Minas Gerais. A variação estadual ficou abaixo da média registrada no país onde o preço do litro foi avaliado a R$ 0,6974 com pequeno aumento de 0,76% frente a setembro.
As informações são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em relação a outubro do ano passado, houve recuo de 0,15% e na comparação com igual mês de 2008 foi registrada alta de 14,4%.
A estabilidade do mercado se deve, principalmente, à estiagem observada em grande parte das regiões produtoras em setembro, que limitou o desenvolvimento das pastagens e, com isso, a produção de leite.
Segundo os dados do levantamento do Cepea, todas as regiões pesquisadas no Estado apresentaram recuo nos preços de comercialização do leite. Em relação ao preço líqüido, a queda na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba ficou em 0,88%. Na região Sul e Sudeste o recuo foi de 1,85% de queda e 2,92% na região do Vale do Rio Doce. A média do Estado aponta queda de 0,6%.
O preço máximo do leite em Minas Gerais, ao longo de outubro, foi de R$ 0,77, sendo o preço mínimo de R$ 0,63. A média estadual ficou em R$ 0,71.
De acordo com a pesquisadora do Cepea, Aline Barrozo Ferro, a estabilidade da média mineira dos preços é considerada atípica, uma vez que o período, geralmente, já apresenta incremento na produção diante do aumento das chuvas, o que promove a queda considerável dos preços. Este ano, devido ao longo período de estiagem, provocado pelo La Ni¤a, as chuvas foram tardias e a recuperação das pastagens segue em ritmo lento.
Captação - Mesmo com a oferta de pastagem reduzida, em Minas Gerais, o Índice de Captação de Leite (Icap-Leite) teve alta de quase 1% entre agosto e setembro. No país o índice de captação teve aumento de 1,32% frente ao mês anterior e de 4,3% em relação a setembro 2009. No acumulado do ano, o índice registra elevação de 5,4% se comparado com o período de janeiro a setembro de 2009.
De acordo com Aline, ao longo de outubro foi registrado aumento no volume de chuva em partes do Sudeste e Centro-Oeste do país, porém o volume das precipitações ainda não foi suficiente para recuperação dos pastos. Além disso, as pastagens demoram cerca de 20 a 30 dias para crescer após um período de chuvas, dependendo ainda da temperatura.
A expectativa para novembro é de manutenção dos preços com tendência de pequenas altas. As justificativas para a expectativa positiva se devem à oferta limitada de pastagens e a firmeza nos mercados de queijos e leite UHT registrada em outubro.
O preço do leite cru negociado entre as indústrias e as cooperativas teve aumento entre 10% e 15% na primeira quinzena de outubro e estabilidade na segunda quinzena do mês.
"Com a demanda aquecida e a limitada oferta de pastagens a tendência é de redução da oferta do produto o que poderá promover os preços. Além disso, devido à queda de preços registrada ao longo do período de entressafra, os produtores deverão limitar a produção para garantir preços rentáveis", disse Aline.
Custos - A manutenção dos preços do leite adquirido em setembro comprometeu ainda mais a situação dos produtores devido ao aumento dos custos de produção registrados no mesmo período. O Índice de Custo de Produção de Leite (ICP Leite), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Unidade Gado de Leite, aumentou 1,06% em setembro se comparado com agosto. Com esse resultado, o ICP Leite acumula alta de 0,59% no ano.
O grupo sanidade foi o que apresentou alta mais expressiva, com incremento de 1,58% nos valores dos produtos. O segundo maior aumento nos custos foi observado no grupo de concentrado, com aumento de 1,49% em relação aos preços praticados.
O aumento dos gastos dos pecuaristas de leite com a produção se deve, principalmente, à alta registrada nos preços do milho e do farelo de trigo. Ao longo de setembro, conforme levantamento realizado pelo Cepea, o preço do milho fechou o período cotado a R$ 24,36 a saca de 60 quilos, valor 18,5% superior ao registrado em agosto e 27,4% superior à média de setembro de 2009.
Veículo: Diário do Comércio - MG