Consumo aquece setor têxtil

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O aquecimento do mercado interno, puxado pelo aumento da renda do consumidor e pela crescente expansão do crédito, está favorecendo os negócios da Indústria e Comércio Pedroso & Oliveira Ltda ME (Têxtil Minas Brasil), especializada na fabricação de pano de prato e sacarias em geral, sediada em Guaranésia, no Sul de Minas.

 

Em função da recuperação do setor no Estado, a empresa registrou uma expansão de 20% no volume de encomendas no primeiro semestre em relação a idêntico intervalo de 2009. Para o acumulado do exercício, a expectativa é crescer 25% na mesma base comparativa.

 

Classes C e D - Na opinião do proprietário da Têxtil Minas Brasil, Paulo Henrique de Oliveira, o bom momento pelo qual passa as indústrias têxteis de Minas Gerais tem relação direta com o público consumidor emergente das classes C e D, que tiveram o poder de compra ampliado nos primeiros meses deste ano.

 

Além disso, segundo ele, a maior geração de emprego e a expansão do crédito para as classes populares vêm sendo determinantes para incrementar os negócios.

 

"Passado o pior da crise, ocorreu uma notória melhoria na conjuntura econômica brasileira, facilitando e incrementando as negociações. Com a movimentação do mercado nacional as vendas cresceram e a fabricação de panos de pratos e sacarias, que tem forte penetração no mercado popular, inevitavelmente expandiu-se", explicou Oliveira.

 

Prova disso é que a Têxtil Minas Brasil estima, para os próximos meses, ampliar o volume fabril em, no mínimo, 50% para dar vazão ao mercado brasileiro. Conforme ele, a produção que, hoje, gira em torno de 100 mil peças/mês passará para 150 unidades mensais.

 

"No momento estamos operando próximo da capacidade plena. No entanto, não será necessário ampliar a área construída, apenas investimentos em maquinário para automatizar a produção sem aumentar a equipe funcional, atualmente com 10 colaboradores", afirmou.

 

A despeito do desempenho positivo do setor no Estado, Oliveira disse que o desempenho poderia ser ainda melhor não fosse à concorrência acirrada com produtos asiáticos, sobretudo oriundos da China. "A questão da concorrência com mercadorias importadas é algo que nos afeta diretamente. Há muitas facilidades de produção no mercado da China, o que compromete a competitividade das indústrias brasileiras", argumentou.

 

De acordo com o empresário, para que os produtos nacionais tornem-se mais competitivos frente aos importados seria fundamental que houvesse redução da carga tributária nacional. Conforme ele, essa é uma realidade evidente e, portanto, seria justo que o governo subsidiasse a produção como forma de valorizar e fomentar a indústria brasileira.

 

Algodão - Conforme acrescentou, o aumento do preço do algodão verificado nos últimos meses tende a ser repassado ao consumidor final, entretanto, não irá interferir na competitividade do mercado interno, tampouco atrapalhar as vendas. "O algodão é uma commodity e sofreu alta em todo o mundo. Como a demanda cresce a passos largos este aumento não vai prejudicar os negócios", avaliou. Apesar de mineira, Rio de Janeiro é o principal mercado da empresa, responsável por 60% da receita, seguido de São Paulo 20% e Minas Gerais 15%.

 

A cadeia de produção da indústria têxtil em Minas Gerais responde atualmente por 200 mil empregos e as perspectivas do setor são positivas, conforme informou o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado de Minas Gerais (Sift-MG).

 

Segundo o assessor da entidade, Ciro Machado, o cenário atual é de harmonia e equilíbrio nas relações com o segmento primário da cadeia como conseqüência das ações do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), criado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

 

"Caso não existisse o Proalminas, o Estado não teria mais indústria têxtil", afirmou o assessor. Ele explicou que, antes da criação do programa, houve uma grande migração de empresas mineiras principalmente para o Nordeste do Brasil, por causa das vantagens fiscais oferecidas por outros estados.

 

Isenção de ICMS - O principal suporte do setor é o benefício concedido pelo governo às empresas mediante o programa e que consiste na isenção de 41,66% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Servços (ICMS) incidente sobre os produtos industrializados a partir do algodão. A desoneração tributária é concedida às empresas que possuem o Certificado de Participação do Proalminas, emitido anualmente pela Secretaria da Agricultura.

 

A importação de produtos têxteis e confeccionados, de janeiro a julho de 2010, aumentou 47%, contra alta de 20,9% nas exportações brasileiras. Desta forma, o déficit nos primeiros sete meses do ano já chega a US$ 1,88 bilhão, representando um crescimento de 62,30% em relação ao mesmo período de 2009.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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