Vendas crescem em outubro e comércio aguarda Natal "acima das previsões"

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Dois indicadores divulgados ontem mostram que as vendas do comércio voltaram a crescer em outubro. Em São Paulo, o Dia das Crianças impulsionou as vendas a prazo em outubro, que registraram crescimento de 11% na comparação com o mesmo mês do ano passado, indicam as consultas feitas pelos lojistas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) no período. Já as consultas ao SCPC/Cheque (vendas à vista) subiram 8% na mesma base de comparação. No país todo, a atividade do comércio se acelerou 1,6% em outubro em relação a setembro, puxada, entre outros fatores, pela alta de 1,7% no movimento dos mercados, avaliou o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio.

 

"As vendas continuam indo bem e reafirmando que teremos um Natal acima das nossas previsões", espera o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti. Na avaliação da entidade, as vendas de outubro refletem a continuidade do avanço do crédito, o alongamento de prazos promovidos pelo varejo na área de bens duráveis, e a grande oferta de importados a preços atrativos.

 

Na avaliação dos economistas da Serasa Experian, a aceleração de outubro confirma a tendência da consolidação do ritmo de expansão do consumo no último trimestre deste ano, "sinalizando que o Natal de 2010 deverá registrar um excelente desempenho em termos de vendas de varejo".

 

A variação positiva na atividade do comércio medida pelo indicador da Serasa foi puxada pela expansão no movimento dos supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas e pelo avanço de 0,9% no segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática, tendo em vista as condições de crédito favoráveis que o consumidor ainda tem encontrado ao adquirir tais produtos. Em terceiro lugar ficou o segmento de material de construção, que subiu 0,5%.

 

Na comparação anual, o crescimento na atividade do comércio foi de 9,2%, puxado pelo segmento de construção (alta de 17,8%), seguido pelo grupo móveis, eletroeletrônicos e informática (alta de 11,8%). Nessa base de comparação, o movimento dos supermercados ficou na terceira colocação, com alta de 7,9%.

 

No período de janeiro a outubro a expansão foi de 9,9% em relação ao mesmo período de 2009. Os segmentos de material de construção e de móveis, eletroeletrônicos e informática aparecem na dianteira como líderes da expansão do movimento varejista em 2010, com altas acumuladas de 16,9% e 15,5%, respectivamente. O setor de veículos, motos e peças, com alta de 13,6% também registra desempenho bem favorável no acumulado do ano de 2010.

 

Crédito e emprego ajudam consumo, diz Ipea

 

O crédito está ajudando a impulsionar o consumo, junto com o aumento do nível de emprego e com as melhores perspectivas de carreira, segundo o presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Marcio Pochmann. Para ele, contudo, boa parte da população brasileira ainda não dispõe de oferta de crédito favorável para a compra de bens de consumo. Segundo Pochmann, as instituições financeiras oferecem financiamentos com condições de juro e prazo distinto para a população, dependendo das condições de renda das famílias.

 

"Não estamos no país em que o crédito está disponível para a população de forma homogênea", afirmou depois de apresentar a pesquisa Índice de Expectativa das Famílias (IEF) do Ipea. A pesquisa foi realizada em 3.810 domicílios em mais de 200 municípios em todos os Estados do país.

 

O IEF mostrou que 53% das famílias consideram o momento atual como "bom" para a compra de bens de consumo duráveis. Ao mesmo tempo, 40% das famílias declararam se tratar de um mau momento para compra de bens como eletrodoméstico e automóvel. Em outubro, 48,6% das famílias declararam não ter dívidas, enquanto 42% disseram que estão pouco ou moderadamente endividadas. Pochmann considera que outros dois fatores contribuem para o aumento do poder de compra das famílias. Um deles é o nível de empregabilidade da população e o segundo é a expectativa de ascensão na carreira profissional.

 

A sondagem aponta ainda que 74% das famílias se disseram, em outubro, estar seguras com o emprego do responsável pelo domicílio. No mês passado, 34,8% dos entrevistados afirmaram ter boas expectativas em relação à melhora profissional por parte do responsável pelo domicílio.

 

A pesquisa também revelou que os brasileiros continuam otimistas em relação à situação socioeconômica do país, ao registrar o índice de 63,41 pontos em outubro. O Índice de Expectativa das Famílias (IEF), que é feito mensalmente pelo instituto, considera uma escala de zero a 100, no qual o índice 100 é o mais otimista.

 

A região do país mais otimista é a Centro-Oeste, com 66,98 pontos, e a com pior expectativa é a Sudeste, com 62,29 pontos. No Sul, o índice chegou a 66,70, seguido pelo Norte (63,95) e Nordeste (62,53).

 

O maior grau de otimismo (64,7%), predomina nas famílias com renda mensal de quatro a cinco salários mínimos. Elas acreditam que o país viverá seu melhor momento nos próximos 12 meses. Em relação ao nível de escolaridade, a parcela da população mais otimista (64,4%) se concentra na faixa de ensino médio incompleto.

 

A pesquisa apontou ainda que a dívida média das famílias caiu de R$ 4.376 em setembro para R$ 4.220 em outubro. Já em relação aos planos para tomada de financiamento ou empréstimo nos próximos três meses, 92,9% das famílias afirmaram que não pretendem assumir mais compromissos.

 

Veículo: Valor Econômico


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