Dois anos após fechar fábricas no Brasil e em diversos países do mundo, a americana Crocs inicia no próximo ano diversos projetos de expansão, com fábricas terceirizadas brasileiras e argentinas e abertura de lojas próprias para fortalecer a marca.
Entre os projetos vislumbrados, está uma parceria com fabricantes de calçados do Brasil e da Argentina para a produção de 20% a 30% dos Crocs vendidos no mercado nacional. Hoje, praticamente toda a produção vendida no Brasil vem da fábrica do México, a única que restou da companhia que chegou a ter unidades fabris no Canadá, Bósnia, China, Itália, Índia, Estados Unidos e outras nações.
"Erramos a mão. Tínhamos uma estrutura enorme, com várias fábricas. O problema nem foi tanto a crise, mas a gestão interna mesmo. A produção era tanta que um ano após o fechamento das fábricas, ainda havia estoque", disse Andrew Schmitt, diretor regional da América Latina da Crocs.
Ele observa que, nos dias de hoje, poucas empresas têm fábrica própria e criam o produto. Na visão da Crocs, terceirizar a produção faz mais sentido.
A localização do escritório da Crocs na América Latina em São Paulo não é à toa. O Brasil é um dos mercados que mais crescem na Crocs mundial, com taxa superior a 30% por ano. Nos nove primeiros meses do ano, as vendas nas Américas aumentaram 31% - o maior índice quando comparado à Ásia, que avançou 16%, e Europa, que cresceu 9%.
Outra novidade que está nos planos da companhia é a abertura de lojas próprias. Atualmente, os calçados de borracha são vendidos em multimarcas e em 20 lojas da marca Crocs, operadas por terceiros. A ideia, agora, é ter lojas conceituais - aquelas que vendem produtos diferenciados da marca e que costumam atrair formadores de opinião, fortalecendo a marca.
A meta é abrir essas lojas premiuns em São Paulo e no Chile, em 2011. "No Brasil, gostaríamos ter uma loja própria nas grandes capitais", disse Schmitt. Nas próximas três semanas, a Crocs inaugura esse modelo de loja na Argentina, mais precisamente no Unicenter, shopping que reúne diversas grifes estrangeiras, localizado em San Isidro, cidade vizinha a Buenos Aires.
Para atrair uma maior clientela, principalmente as mulheres na faixa de 30 anos, a Crocs está investindo na criação de calçados com design mais feminino como sapatilhas, além de calçados masculinos e tênis esportivos casuais.
Os investimentos não são revelados, mas acontecem em uma fase em que a Crocs começa a recuperar as finanças. Nos nove primeiros meses, o grupo, no mundo, teve lucro de US$ 63 milhões contra um prejuízo de US$ 30,6 milhões no mesmo período de 2009.
Veículo: Valor Econômico