Americana Sara Lee compra a paranaense Café Damasco

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Empresa de Curitiba, de forte atuação no Sul do País e sétima no mercado nacional, foi adquirida por R$ 100 milhões

 

A americana Sara Lee anunciou a compra da paranaense Café Damasco por R$ 100 milhões, dando um passo para consolidar sua liderança no mercado brasileiro. A companhia ficou em primeiro lugar no ranking da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) de 2009, seguida de perto pela 3 Corações, joint venture do grupo nordestino Santa Clara com a suíça Strauss-Elite. Segundo a associação, as duas companhias têm, cada uma, cerca de 20% do setor de café no País.

 

O valor pago pela Café Damasco, que tem sede em Curitiba e é líder no mercado paranaense, equivale a um ano de faturamento, segundo comunicado divulgado pelo grupo americano. De acordo com a Sara Lee, o negócio deverá ser concluído ainda hoje e será enviado para aprovação dos órgãos de defesa da concorrência.

 

Fontes da indústria de café dizem que a Damasco poderia ser considerada uma empresa de grande porte do mercado nacional - no ranking de 2009 da Abic, aparecia em 7.º lugar. Além da sede e da fábrica em Curitiba, a empresa também tem uma planta industrial em Salvador, que a Sara Lee pretende usar para melhorar a distribuição de seus produtos no Nordeste.

 

O grupo americano, que fatura US$ 11 bilhões em todo o mundo, chegou ao País em 1998, com a aquisição da Café do Ponto, então a segunda maior companhia do mercado brasileiro. Hoje, detém várias marcas importantes no setor de café, como Pilão, Caboclo, Moka e Seleto - todas de maior expressão no Rio e em São Paulo, maiores mercados consumidores do País.

 

Conforme a Abic, o mercado de café no Brasil ainda está no início do processo de consolidação. Hoje, a metade das vendas do setor está nas mãos de empresas de pequeno porte - são, ao todo, mais de 1,1 mil companhias em atividade no País. Os outros 50% são dominados por cinco empresas - entre elas a também multinacional Melitta, que igualmente já entrou na onda de aquisições de marcas de expressão regional, com a compra da gaúcha Bom Jesus.

 

De acordo com o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, o consumo brasileiro de café cresce mais de 4% ao ano, bem acima da média mundial, que varia de 1% a 2%. Isso aumenta o interesse de grupos internacionais sobre empresas de médio porte, detentoras de um público fiel fora do eixo Rio-São Paulo.

 

União de médias. Para o representante do setor, o processo de consolidação do mercado brasileiro pode ganhar outras facetas, com negócios também entre empresas nacionais. "Além do movimento de grandes companhias multinacionais, empresas locais de médio porte já cogitam unir suas operações para ganhar escala", explica Herszkowicz. O diretor da Abic afirma que a formação de joint ventures é vital para as empresas que pretendem continuar a disputar as gôndolas do varejo, pois os contratos oferecidos pelos grandes supermercados geralmente oferecem margem reduzidas.

 

Para as indústrias de menor porte, diz Herszkowicz, deve sobrar o consumo de café fora de casa - que está em expansão e hoje representa 35% das vendas totais. "Os pequenos vão ter de buscar outros canais de distribuição, como empresas, lanchonetes e restaurantes." Para profissionalizar a gestão de pequenos negócios, a Abic prevê criar Arranjos Produtivos Locais (APLs), em que empresas unem forças para reduzir custos com mão de obra, insumos e administração.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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