Os produtores mineiros de algodão cumpriram a determinação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) em relação ao vazio do algodão. A medida é considerada essencial para reduzir a incidência do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). O IMA vistoriou, durante o vazio sanitário do algodão, 81 propriedades em Minas Gerais, o que corresponde a 12,44 mil hectares de área. A eliminação das plantas foi realizada em 90 propriedades instaladas no Estado.
De acordo com o gerente de Defesa Sanitária Vegetal do IMA, Nataniel Diniz Nogueira, os 60 dias em que a manutenção de cultivares de algodão vivas esteve proibida, entre 20 de agosto e 20 de outubro, foram de intensa fiscalização e o IMA conseguiu atingir a meta de fiscalizar 80 propriedades no Estado.
A expectativa é que através do vazio do algodão as condições de cultivo na próxima safra, 2010/2011, sejam favorecidas. "O objetivo do IMA em conjunto com a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa) e os produtores é reduzir ao máximo a incidência da doença nas fazendas produtoras, o que é essencial para diminuir os níveis de perdas e aumentar a lucratividade".
Os resultados positivos obtidos com o primeiro vazio do algodão poderão contribuir para que a expectativa de crescimento da produção em Minas Gerais seja alcançada. De acordo o levantamento de safra elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o incremento esperado na safra de algodão mineira será de aproximadamente 40% na próxima safra.
A produção mineira de algodão em caroço deverá alcançar cerca de 78,1 mil toneladas, contra as 55,8 mil toneladas colhidas no ano safra anterior. A área plantada também será aumentada em 37%, passando dos atuais 18,8 mil hectares para os 20,6 mil hectares.
Demanda - A elevação está relacionada, sobretudo, ao crescimento da demanda externa e às altas cotações do produto nos mercados interno e externo, influenciado pela redução dos estoques das últimas quatro safras.
De acordo com as informações do IMA, durante o vazio do algodão apenas 12 produtores foram notificados, porém nenhum chegou a ser autuado por eliminar as plantas vivas dentro do período concedido pelo Instituto. A medida foi implantada pela primeira vez em 2010 e tem caráter preventivo, já que visa proteger os produtores contra perdas na safra.
Para Nogueira, o período do vazio sanitário do algodão foi positivo, visto que não houve auto de infração. "Isso mostra que todas as plantas encontradas durante as fiscalizações do Instituto neste período foram erradicadas pelos produtores, o que demonstra a conscientização da importância desta medida sanitária".
Um dos pontos que deverá ser discutido ao longo dos próximos meses é o período em que o vazio deverá ser iniciado na próxima safra. Este ano, devido ao período chuvoso, a colheita do algodão no Estado atrasou cerca de um mês, o que reduziu o período de vazio pela metade em algumas propriedades de mineiras.
"O IMA vai realizar uma reunião com a Câmara de Defesa Agropecuária e a Amipa para avaliar o vazio sanitário do algodão em 2010 e definir as estratégias para o mesmo período de 2011. Precisamos definir um período que o vazio seja totalmente cumprido, caso contrário os produtores poderão enfrentar um aumento da infestação do bicudo do algodoeiro nas próximas safras", disse Nogueira.
Importância - O vazio sanitário leva em conta a importância socioeconômica da cultura do algodão para Minas Gerais e os prejuízos que o bicudo do algodoeiro vem ocasionando à economia. A praga é considerada a principal doença da cultura, por apresentar grande capacidade destrutiva e também possui habilidade para permanecer nessas lavouras durante a entressafra.
Durante o vazio, há exceção apenas para áreas de pesquisa científica, que devem solicitar prévia autorização do Instituto para manter plantas vivas. O descumprimento da medida gera auto de infração e multa.
De acordo com o IMA, a erradicação das plantas por cerca de 60 dias é de extrema importância devido ao crescimento da produção no Estado. Na safra 2009/2010, Minas destinou 14,645 hectares para o cultivo de algodão, onde foram produzidas 23 mil toneladas de plumas.
As regiões que possuem maior área plantada são Noroeste e Norte de Minas, Triângulo e Alto Paranaíba com destaque para os municípios de Presidente Olegário, Unaí, Buritis, São Gonçalo do Abaeté e Coromandel.
O bicudo do algodoeiro é uma espécie de besouro que utiliza as mandíbulas para perfurar os botões florais e a maçã dos algodoeiros. O inseto se alimenta da estrutura reprodutiva das plantas e o botão atacado cai, prejudicando a produtividade e a qualidade da fibra.
Veículo: Diário do Comércio - MG