Colômbia colherá em 2011 safra 7,6% inferior e produzirá 8,5 milhões de sacas
As preocupações do mercado em relação à disponibilidade d cafés de qualidade ficaram ainda maiores na última sexta-feira. A Federação Nacional dos Produtores de Café da Colômbia informou que no ano que vem a disponibilidade de café do país - segundo maior produtor da variedade arábica do mundo - será 7,6% menor que o volume colhido em 2010.
Hector Falla, diretor executivo da federação de produtores na Província de Huila - segunda maior região produtora da Colômbia -, disse, em entrevista em Bogotá na sexta-feira que a produção nacional cairá de 9,2 milhões para 8,5 milhões de sacas. O motivo para a redução são as chuvas que atingiram as regiões produtoras, consideradas as piores nas últimas três décadas, conforme a Bloomberg. "É um efeito do clima. As chuvas que estão ocorrendo não permitem que as flores do café se desenvolva", disse.
Existia uma expectativa que em 2011 a Colômbia se recuperaria de uma série de safras ruins. Em 2008, a safra de café do país sul-americano foi de apenas 7,8 milhões de sacas, a menor desde 1976. Em janeiro de 2010, a estimativa projetada era de uma oferta de 12 milhões de sacas para o ano, volume que foi revisado para 9,5 milhões de sacas. Mas, em se confirmando as 8,5 milhões de sacas, será o terceiro ano consecutivo de perdas para o país.
A disponibilidade de café da Colômbia é tão crítica que, para preservar as exportações de seu produto, muito valorizado no mercado internacional, o país está importando do Brasil. Entre janeiro e outubro saíram dos portos brasileiros com destino à Colômbia 16,5 mil sacas, conforme dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Dessa forma, os exportadores colombianos importam do Brasil por um preço médio de US$ 1,9062 por libra-peso e embarcam sua produção a um valor médio de US$ 2,4402 por libra-peso, obtendo nessa operação uma margem de quase 30%.
E é a redução da disponibilidade de café, especialmente de maior qualidade, que tem influenciado diretamente os preços na bolsa de Nova York. Na última sexta-feira, os contratos com vencimento em março de 2011 subiram 110 pontos - foi a terceira alta consecutiva - e encerraram a sessão a US$ 2,048 por libra-peso, o maior preço nos últimos sete dias de negociação.
Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) mostram que apenas no mês de novembro os ganhos acumulados foram de 8,54%. Somente em 2010 a valorização chega a 44,21%; em 12 meses, a 48,21%. Além da situação colombiana, a atual realidade do mercado combina ainda problemas climáticos no Vietnã e uma safra de ciclo baixo no Brasil, país que se transformou em uma opção ao ainda famoso, mas já não tão disponível, café colombiano.
Veículo: Valor Econômico