Embaré surgiu como fábrica de manteiga

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No início, processava 20 mil litros de leite/dia na safra e, na entressafra, 5 mil litros/dia.

 

Em 1961, com a mulher e três filhos pequenos, o então diretor de uma fábrica de laticínios, Haroldo Antonio Antunes, trocou a avenida Vieira Souto, um dos endereços mais charmosos da cidade do Rio de Janeiro, para morar em Lagoa da Prata, no Centro-Oeste mineiro, em uma casa anexa à pequena fábrica de manteiga que ele, com um sócio, acabara de adquirir.

 

Na bagagem, além do conhecimento sobre o setor de laticínios, ele tinha um projeto de embalagens em plástico polietileno, material de preço atrativo que poderia substituir a folha de flandres com cobertura de estanho usada pela Nestlé. Após três anos de pesquisa, o produto atingiu a espessura necessária. Tempos depois, veio a folha "aluminizada", que continua sendo utilizada até os dias de hoje.

 

Com isso, o Laticínios Lagoa da Prata S/A, sob nova direção, começou a ganhar seus primeiros clientes. "Era uma pequena fábrica que processava 20 mil litros de leite/dia na safra. Na entressafra, reduzia para 5 mil litros", lembrou o presidente da empresa, hoje Embaré Indústrias Alimentícias S/A, Haroldo Antunes, 82 anos.

 

Ao assumir a empresa, ele e o sócio não tiveram receio de tomar decisões e mudar a cultura do negócio. A primeira delas foi adaptar um antigo caminhão tanque com um cano furado para molhar a rua de terra onde ele ia morar. Depois, vestidos de calção de ginástica, eles interromperam a produção de manteiga para lavar toda a fábrica.

 

Daí por diante, com jeitinho, eles inauguraram uma nova fase da empresa. A manteiga foi substituída pelo leite em pó, carro-chefe da empresa.

 

Produção - A capacidade de produção da fábrica aumentou de acordo com a demanda. Hoje, a planta recebe, diariamente, 1,450 milhão de litros. A capacidade instalada, de 1,750 milhão, ainda não foi atingida por causa do ingresso crescente do leite em pó importado, a desvalorização do dólar ante o real e, ainda, os novos e pequenos entrantes que, naturalmente, "dividem" a preferência do consumidor. No país, a Embaré é a sexta do seu segmento.

 

Na Embaré, a concorrência incomoda, mas não compromete os planos. Com crescimento de 9% em 2010, a empresa registrou aumento de 21% nas vendas. "A liderança em estados como Paraíba, Pernambuco e Alagoas, é um ganho que não será colocado em risco." Os produtos da linha de laticínios Camponesa também têm grande aceitação no mercado. "Só agora a empresa está começando a investir no mercado mineiro. O leite em pó da Camponesa tem clientes fiéis", apontou.

 

Já a linha de caramelos é um capítulo a parte. Exportadas para 40 países, essas "delícias" em 24 sabores são parte do segredo do sucesso da Embaré. Sem maiores detalhes, o empresário disse que o que faz desse produto um diferencial é o ponto da cristalização. "Só a Embaré faz, ninguém mais", provocou.

 

Atualmente, a Embaré tem 1,250 mil empregados, número que não deve aumentar em 2011, um ano que será dedicado ao pagamento de um investimento de R$ 65 milhões feito pela empresa na sua última ampliação, que resultou em um incremento de 600 mil litros de leite/dia. "As empresas crescem assim, um passo de cada vez. Entretanto, no setor de laticínios, esses passos são largos", argumentou Antunes. A nova fábrica é totalmente informatizada e o número de funcionários na operação é mínimo.

 

Não há como falar em Embaré sem falar em Lagoa da Prata. A fábrica que era "afastada", hoje está no centro da cidade que a empresa adotou como sua e vice-versa. "Fazemos tudo corretamente. Trabalhamos para proteger a sociedade", listou.

 

Pioneira na adoção de mecanismos sustentáveis, a organização investiu R$ 5 milhões neste ano para transformar a estação de efluentes industriais em projeto autossustentável. Além de eliminar o mau cheiro da água utilizada no processo produtivo e retorná-la para a Lagoa Verde e, posteriormente para o rio São Francisco, com 95% de pureza restituída, a empresa vai economizar R$ 180 mil/ano na salgada conta de energia elétrica e, ainda, vai vender carbono, um produto cada vez mais valorizado pelo mercado mundial. O projeto incluiu, ainda, a instalação do Centro de Educação Ambiental, destinado à população e às escolas da região.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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