Os fabricantes de cloro e de soda cáustica preveem que 2011 será um ano de aumento de produção e de vendas. A estimativa é baseada no crescimento dos investimentos dos clientes do setor, principalmente saneamento básico e construção civil (que utilizam PVC, material fabricado com o uso de cloro) e papel e celulose e petroquímica (usuários de soda cáustica).
Apesar do otimismo, o setor está preocupado com o aumento de custo de produção, principalmente de energia elétrica, insumo básico para fabricação de cloro e de soda.
De acordo com os últimos dados da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), o consumo setorial de soda cáustica no acumulado de janeiro a novembro deste ano foi 7,9% maior se comparado ao do mesmo período do ano passado.
As vendas para dois setores expressivos em termos de consumo desse insumo - papel e celulose e química e petroquímica - registraram alta de 8,5% e 10,7%, respectivamente.
Apesar dessa expansão, a produção acaba sendo limitada pela estrutura química da produção de cloro. Como os dois produtos só podem ser obtidos de forma associada e como o cloro tem menos vendas que a soda, não há uma produção mais expressiva em função da limitação do uso do cloro que é fixado, basicamente nos tubos de PVC.
"Hoje, a produção de soda cáustica no Brasil está limitada à expansão do uso do cloro no mercado nacional. Como a grande aplicação é na fabricação de PVC, a construção civil acaba sendo o termômetro do setor", define o diretor da Solvay Química, Sergio Zini, que aponta ainda que as vendas brasileiras acabam sendo supridas pelas importações do produto, principalmente dos Estados Unidos.
Essa percepção reflete-se nos números apresentados pela Abiclor.
Apesar dos números de venda em expansão, a produção acumulada de soda no mesmo período ficou apenas 2,5% maior do que em igual período de 2009. Em compensação, as importações de soda foram 16,6% maiores que em igual período de 2009.
Por sua vez, a produção de cloro registrou um acréscimo muito próximo ao de soda. De acordo com o balanço da entidade que representa o setor, foi de 2,8% no acumulado dos 11 meses do ano. Já a taxa de utilização da capacidade instalada no período foi de 88,2% a 2,8% maior do que no mesmo período de 2009. Diferentemente da soda, o consumo setorial da produção nacional (vendas totais + usos cativos) também apresentou variação positiva de 2,8% no período.
Apesar dessa restrição natural, o presidente da Abiclor, Aníbal do Vale, acredita que 2011 será um ano positivo para o setor. Essa análise tem como base a perspectiva de crescimento da economia brasileira que é estimada em 5%.
"Os fundamentos da economia brasileira continuam forte, mas a indústria está sendo pressionada pelo real valorizado e ameaça de desindustrialização. Atualmente, os produtores externos estão sendo favorecidos pela conjuntura e nos Estados Unidos e na Europa a produção foi melhor que se imaginava", comentou ele.
Mesmo assim, disse Vale, como o setor de cloro e soda é um segmento da industria química considerado de base e está ligado aos investimentos da indústria de transformação, à medida que mercados como o de celulose, mineração, siderurgia avançam, os negócios do setor também se expandem.
"Acredito que, pelo que vemos, o setor de celulose é o que aparentemente está mais ativo no que tange a declarar novos investimentos importantes para os próximos anos", disse ele, em referência às previsões de aumento da capacidade instalada de grandes empresas como Fibria e Suzano Papel e Celulose, além da entrada de novos players no mercado como a Eldorado Celulose, que tem entre seus sócios o Grupo JBS.
Mesmo com a expansão do setor, o presidente da Carbocloro, Mario Cilento, alerta para o problema do alto custo de produção em decorrência dos custos com energia elétrica. "Apesar de nosso setor operar em carga quase máxima, estamos preocupados com o custo, que continua subindo muito", disse ele. "Esse fato é causado, principalmente, pelos encargos e este peso chega a até 50% do custo de produção de alguns associados, o que reduz a competitividade e a produtividade do setor", criticou ele. Apesar das preocupações, o presidente da Abiclor aponta como fatores positivos no futuro as grandes obras para os eventos esportivos programados para os próximos anos no País.
Veículo: DCI