O setor de cosméticos no Brasil deverá encerrar o ano com um crescimento médio de 20% e a perspectiva para 2011 é de redução no ritmo de expansão dos negócios. A estimativa média de crescimento do setor no ano que vem é de 10%. Um dos motivos para a continuidade desse aumento nas vendas, apesar do patamar mais baixo, é o pacote de medidas de restrição ao crédito que o Banco Central impôs e que deverá reduzir a demanda por bens duráveis e levar os consumidores brasileiros a manter em alta o consumo de produtos voltados aos cuidados pessoais.
Mesmo com a redução do ritmo, o setor mostra-se otimista e essa perspectiva já começa a ser notada pelo início da cadeia de fornecimento de insumos para grandes empresas. Um desses fornecedores é a Beraca, que atende clientes como O Boticário, Avon e Natura. A expectativa para 2011 é de crescimento acima do mercado para o qual fornece, de 30%.Segundo o diretor de Negócios da companhia, Filipe Sabará a produção atual da Beraca é de 400 toneladas, resultado de investimentos de US$ 15 milhões nos últimos anos para atender ao crescente mercado nacional.
Um desses clientes, o Grupo Boticário, por exemplo, deve fechar 2010 com previsão de alta de 25% no faturamento, em comparação com o ano anterior. "O resultado certamente é alavancado pela nossa expertise de mais de 33 anos de atuação no mercado de perfumaria e cosméticos e nos mostra que estamos no caminho certo", afirma o presidente do grupo, Artur Grynbaum.
Esse crescimento também é atribuído à conclusão do investimento de R$ 85 milhões no Centro de Distribuição em Registro (SP) e a um aporte de R$ 70 milhões na fábrica, localizada em São José dos Pinhais (PR). Em dezembro a empresa crê no aumento de 20% nas vendas.
A concorrente Avon não ficou para trás e também investiu. No primeiro semestre a companhia inaugurou o Centro de Distribuição (CD) em Cabreúva (interior do estado de São Paulo) em um investimento de US$ 150 milhões. O centro possui, atualmente, 70 mil metros quadrados e está localizado em um terreno de 267 mil metros, fato que permitirá futura expansão. O centro tem capacidade de entrega de 70% de todos os seus pedidos.
Segundo os números da Natura, o crescimento médio no ano foi de 20%. De acordo com o vice-presidente de Operações da empresa, João Paulo Ferreira, para 2011, a companhia fará investimentos para ampliação da capacidade produtiva nas quatro fábricas que possui e que produzem, em média, 450 milhões de unidades por ano. Sem revelar números, o executivo afirmou que os investimentos no próximo ano devem seguir a evolução histórica da empresa. "Este ano foi de R$ 250 milhões, e para o próximo será compatível com as nossas ambições de crescimento" afirmou.
Substituição
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basílio, todo esse otimismo com investimentos em alta e perspectivas de crescimento em 2011 advém do pacote de medidas de restrição do crédito para bens duráveis anunciadas pelo Banco Central (BC). Em sua avaliação, as pessoas tendem a consumir mais produtos de cuidados pessoais ao invés de buscar bens de maior valor e crédito mais caro.
Ele cita ainda a melhor distribuição de renda no País como outro fator que beneficiará o setor. "Com base nesses pilares, acreditamos que o setor continuará crescendo acima dos 10% ao ano" afirmou. Para atender a demanda de 2010 e a prevista para 2011, nas contas da entidade, a indústria do setor investiu mais de R$ 6 bilhões em 2010. "Isso demonstra que as empresas ainda apostam no crescimento de suas vendas no País", avaliou Basílio.
Em concordância com o presidente da Abihpec, a Jequiti Cosméticos, foi uma das empresas que mais cresceram do Grupo Silvio Santos em 2010. A empresa lançada há apenas quatro anos, estima fechar o ano com faturamento da ordem de R$ 380 milhões. Com os resultados, a empresa vai aportar R$ 80 milhões financiados pelo BNDES para a construção de uma fábrica própria com previsão de início das operações em janeiro de 2013. Para 2011, a projeção é de incremento de 45% no faturamento.
A Vita Derm vai investir R$ 11 milhões no próximo ano. Segundo o presidente da empresa, Marcelo Schulman, a companhia vai inaugurar em fevereiro uma produção sustentável no norte do País, ampliar a produção na fábrica da Lapa (SP) e adquirir um terreno para uma nova unidade fabril no interior paulista e assim crescer cerca de 30% em 2011.
Veículo: DCI