Apesar da crise financeira, a confiança dos consumidores paulistanos está no melhor nível em quase uma década, segundo pesquisa realizada pelo Provar (Programa de Administração do Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), e pela Felisoni Consultores Associados. No levantamento, foi questionado a consumidores paulistanos se havia a intenção de fazer compras no período de outubro a dezembro deste ano, e somente 26,2% dos que participaram responderam que não. Esse é o índice mais baixo desde que a sondagem trimestral começou a ser feita, no final de 1999.
"A crise se espalhou, mas ainda não atingiu o consumidor", disse o professor Claudio Felisoni de Angelo, coordenador do estudo. A pesquisa, que ouviu 500 pessoas, aconteceu entre 15 a 24 de setembro, logo depois da falência do banco americano Lehman Brothers.
Demora um pouco até que os problemas de liquidez de instituições estrangeiras tenham conseqüências concretas para quem não é diretamente ligado ao setor financeiro, por isso a expectativa é a de que as vendas de Natal não sejam muito afetadas. "Crise, para o trabalhador, é quando o seu vizinho perde o emprego. Catástrofe é quando ele próprio perde o emprego", explicou Felisoni. Na sua opinião, o crescimento do volume em 2008 deve ficar perto dos 9,5% observados de 2006 para 2007.
Em janeiro de 2009, porém, os efeitos começam a ser sentidos. "Teremos que enfrentar condições mais adversas. Existe uma restrição de crédito mundial, menos disponibilidade de recursos. Então a economia brasileira terá que fazer ajustes", comentou o professor.
Um sinal já evidente, neste final de ano, de que o consumidor começa a mudar um pouco o seu comportamento está na utilização do crédito para a aquisição de bens. "Dos fatores que sustentaram a alta das vendas recentemente, somente o crédito vai mudar", destaca Emerson Kapaz, diretor-executivo do IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo), que reúne empresas do ramo. "A renda não cairá, e tampouco veremos demissões."
Enquanto no terceiro trimestre 72,5% das pessoas que pretendiam comprar um produto de informática (computador pessoal, impressora) diziam que, para isso, pediriam algum tipo de financiamento, esse percentual caiu para 56,1% no quarto trimestre.
O mesmo ocorreu em relação a móveis e material de construção, por exemplo. Só no caso de veículos subiu o número dos que tencionavam contrair um empréstimo para satisfazer o seu desejo.
Veículo: Folha de S.Paulo