Dores garantem US$ 1,2 bilhão para a indústria farmacêutica

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 Todos os dias 10% da população de uma cidade tem algum tipo de dor considerada simples, seja de cabeça, nas costas ou muscular. Em uma cidade como São Paulo, com mais de 10 milhões de habitantes, isso representa mais de 1 milhão de pessoas com dor. Se considerarmos o Brasil inteiro teremos a exata noção do quanto hoje movimenta o mercado de analgésicos no País. Nos últimos 12 meses, contados a partir de agosto, o segmento de remédios livres de prescrição médica, ou OTCs (over the couter na sigla em inglês,) movimentou cerca de R$ 7,2 bilhões, o equivalente a 28,5% do mercado farmacêutico. Desse total, os analgésicos para adultos corresponde a 12,6%, ou R$ 910 milhões, conforme dados do IMS Health. No ano de 2007 o crescimento de 16,5%.

 

É exatamente por isso que mais de 170 marcas se engalfinham hoje para conquistar o consumidor que busca desesperado a farmácia mais próxima. E nesse jogo vale tudo, até mesmo ter várias apresentações para o mesmo produto. As campeãs são as cartelas, também chamadas de blisters, responsáveis por mais de 84% das vendas. Por serem baratas, elas também atraem um novo paciente, aqueles das classes de menor poder aquisitivo, que antes não se tratava. Em genéricos, os analgésicos já respondem por cerca de 8% do mercado, ou US$ 157 milhões em 2007, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos).

 

Para a Bayer, dona da Aspirina, um dos mais tradicionais analgésicos, este é um dos segmentos mais estratégicos dentro da companhia globalmente. E além do ácido acetilsalicílico a empresa também atua no segmento com o paracetamol, sob a marca Saridon.

 

Concorrência

 

"Este é um dos mercados mais concorridos e, se não tiver uma inovação, fica difícil entrar", diz o presidente da Wyeth, Carlos César Santos Sampaio. A empresa, que produz o Advil, o único com o ibuprofeno, vai investir R$ 5 milhões em uma única campanha para o lançamento do novo analgésico em cápsulas de gel líquido. Um dos líderes em vendas nos Estados Unidos, o Advil não chega a 0,2% de participação no mercado brasileiro e com a novidade quer abocanhar pelo menos 2% e passar da 37 para alguma posição entre os 10 primeiros. Ranking onde se encontra a Neosaldina, líder absoluta, cujo laboratório, Altana, foi recentemente comprado pelo dinamarquês Nycomed.

 

Só no ano passado, o mercado de analgésicos movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão. Mesmo sendo um produto barato, o valor obtido em 12 meses até agosto, de R$ 910 milhões, supera até mesmo o registrado no segmento de disfunção erétil, de R$ 460 milhões, onde os comprimidos são muito mais caros.

 

Na bagagem, Advil gel informa a vantagem de ter comprovado em estudos ser mais rápido e menos agressivo ao estômago, segundo Sampaio. Problema mais sério causado pelo uso indiscriminado de analgésicos. Pesquisas mostram que cerca de 20% das úlceras estomacais são causadas pelo uso contínuo de analgésicos.

 

Uso tem de ser controlado

 

Segundo o médico Cláudio Santos, o problema mais sério no caso destes medicamentos, não é o seu consumo no caso de dores comuns. Mas sim o uso contínuo por mais de 10 dias em caso de dor e mais de três dias em caso de febre. "E isso está explicado nas embalagens". Para Santos, que dirige o departamento médico da Wyeth no Brasil e Cone Sul, há hoje muita confusão e entre automedicação e autoprescrição.

 

"Aparentemente parece a mesma coisa, mas não é", diz. Segundo ele, a primeira diz respeito a medicamentos de venda livre, como os OTCs, onde o consumidor pode decidir sozinho o uso. O segundo caso são remédios como antibióticos e antiinflamatórios que necessitam de indicação, mas que o paciente compra direto na farmácia por indicação de colegas ou por indicações médicas anteriores.

 

"Ninguém vai procurar um médico para tratar uma dor de cabeça, mas não se pode tomar um antibiótico por conta própria", afirma o médico, acrescentando que a automedicação precisa ser responsável.

 


Veículo: Gazeta Mercantil


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