Se tiver autorização dos acionistas, varejista francesa vai separar a operação da rede Dia e da gestora imobiliária
O conselho de administração do Carrefour aprovou planos para dividir a rede popular Dia e também 25% da sua unidade imobiliária Carrefour Property, numa tentativa de tornar o grupo dinâmico e valorizar seus papéis no mercado de capitais. Depois do anúncio, porém, as ações da varejista francesa fecharam em queda de 1,71% na Bolsa de Paris.
Por meio de um comunicado, o executivo-chefe da companhia, Lars Olofsson, disse que o objetivo das medidas é "tornar o grupo mais focado em suas prioridades operacionais enquanto cria valor para os acionistas".
As decisões continuam sujeitas à aprovação dos acionistas na reunião geral anual do Carrefour, prevista para o dia 21 de junho, e na reunião geral da Carrefour Property, dois dias depois.
A divisão da rede Dia implica na transferência da unidade para uma companhia baseada na Espanha, seu mercado mais importante. Os acionistas do Carrefour receberão ações da companhia espanhola na mesma proporção que possuem da varejista francesa. A unidade tem operações independentes do grupo Carrefour, com sistemas de tecnologia separados e um canal de abastecimento próprio.
A rede Dia é a terceira maior varejista popular do mundo e tem posição de destaque em mercados emergentes. A empresa registrou uma receita anual entre 9 bilhões e 10 bilhões no ano passado, segundo uma fonte. Fora da Europa, a rede tem operação no Brasil, Argentina, Turquia e China. Analistas estimam que o valor da empresa gire em torno de 4 bilhões.
Com a divisão das duas unidades, o Carrefour poderá, na sequência, listar os ativos imobiliários na Bolsa de Paris e a rede Dia na Bolsa de Madri, segundo fontes ligadas à operação. Rumores sobre os planos do grupo francês têm crescido nas últimas semanas e envolvem a tentativa da companhia de aplacar grandes investidores, que sentem que o valor da empresa não está sendo refletido no preço de sua ação.
Mas alguns analistas afirmam que uma separação dos ativos imobiliários do grupo reduziria o controle do Carrefour sobre eles, mostrando dúvidas se uma operação como essa fará grande diferença para o valor do grupo e para o preço das ações.
"Em nossa visão, uma verdadeira criação de valor para o Carrefour somente será obtida com uma melhora sustentada de longo prazo dos principais negócios do grupo", disseram analistas do Credit Suisse em relatório.
Eles afirmam ainda que o rival Casino, que também tem participações em várias companhias com ações em bolsa, é negociado com um desconto aproximado de 30% sobre o valor da "soma de suas partes" por causa de seu status de conglomerado.
Por isso, um desconto similar para o Carrefour sugere pouco benefício a ser obtido com as divisões dos ativos. A gestora de patrimônio imobiliário Carrefour Property tinha ativos com valor bruto de 11 bilhões em 2009, quase metade do valor de mercado do grupo.
Veículo: O Estado de S.Paulo