Anvisa planeja aumentar controle sobre repelentes

Leia em 3min

Rótulo deve informar concentração de substância tóxica e forma correta de uso

 

Produtos oferecem risco para crianças menores de 12 anos e não devem ser usados sob a roupa, alertam especialistas

 

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve aumentar o controle sobre repelentes de insetos.

 

Está em consulta pública até o próximo dia 16 uma proposta que estabelece requisitos técnicos mínimos sobre segurança, eficácia e rotulagem de cremes e aerossois.
Se a resolução for aprovada, as marcas que estão no mercado terão seis meses para alterar as embalagens, que deverão informar o princípio ativo da fórmula e a concentração da substância, além tarzer alertas sobre o uso.

 

Há dois tipos de repelentes mais comuns no Brasil: os de citronela (planta aromática) e os de deet (abreviatura de dietiltoluamida), composto químico sintético que age nos insetos impedindo que sintam o odor humano.

 

A maioria das marcas tem deet na fórmula, entre elas OFF! e Repelex. Não há muitas pesquisas sobre o efeito da substância, mas sabe-se que pode ser tóxica dependendo da concentração.
"A concentração determina a eficácia do produto e também a toxicidade. A substância pode ser absorvida e causar alergias, vômitos ou mesmo alterações neurológicas como sonolência", diz Ana Paula Beltran Castro, alergologista e pediatra do Hospital das Clínicas de SP.

 

Quanto maior a concentração de deet, mais dura o efeito (produtos com 23% protegem por até cinco horas) e maior o risco de intoxicação.

 

MAIS VULNERÁVEIS

 

Crianças com menos de 2 anos não podem usar repelente com deet. De 2 a 12 anos, a concentração deve ser menor do que 10%.
"Quanto mais nova a criança, maior a absorção e o risco. É preciso pesar os benefícios e malefícios, como um remédio", afirma Kerstin Abagge, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

Para Castro, repelentes devem ser usados em pequenas áreas e por pouco tempo.
Já existe uma recomendação da Anvisa para que as embalagens dos produtos tenham alertas de uso, mas com a resolução isso passará a ser obrigatório.
Mesmo os repelentes feitos com princípios ativos naturais devem ter alertas.
"Uma das principais recomendações é para não usar o produto embaixo da roupa. O suor pode aumentar a absorção. Também não é recomendado que crianças durmam com repelente", diz Castro.

 

Além dos alertas, serão necessários estudos sobre segurança e testes de como a substância reage quando é exposta ao sol.
"Isso tudo ainda é pouco conhecido. É importante não usar repelente para ir à praia e tomar sol", diz a dermatologista Denise Steiner.
Especialistas também não recomendam o uso por grávidas. E, segundo Castro, deve-se evitar protetor solar com ação repelente. "A frequência de aplicação é diferente."

 

OUTRO LADO

 

Segundo a fabricante Ceras Johnson, toda linha OFF! já começou a se adequar à nova resolução. Os produtos com a concentração de deet "já estão chegando às gôndolas, e muitos já podem ser encontrados no mercado."

 

O OFF! Family aerossol, que tem concentração de 14.24% da substância, avisa na embalagem que o produto não deve ser usado por crianças com menos de 12 anos.
De acordo com nota da empresa Reckitt Benkiser, desde 2009 as embalagens de Repelex informam que a fórmula contém deet e em qual a concentração. "Talvez ainda tenha algum produto no mercado com rótulo antigo", fabricado antes da adequação à recomendação.

 


Veículo: Folha de S. Paulo


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