A estiagem que atingiu Minas Gerais entre o final de janeiro e início de fevereiro provocou perdas na safra de feijão. De acordo com os dados iniciais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), unidade Unaí, a estimativa aponta queda próxima a 15% na produção do grão na região Noroeste do Estado. Com a redução da oferta, os preços, que estavam em baixa com o início da colheita, voltaram a se valorizar.
Os preços da saca de feijão em Minas Gerais, mesmo com o avançar da colheita no Estado, estão próximos de R$ 90. No início da colheita, em fevereiro, foi registrado em algumas regiões do Estado aumento da oferta do grão, fazendo com que a cotação sofresse redução próxima a 35% frente os valores praticados no início de janeiro.
A saca de 50 quilos chegou a ser comercializada a R$ 60, sendo o preço mínimo estipulado pelo governo, de R$ 80, suficiente para cobrir os custos de produção e gerar rentabilidade aos produtores.
Com o avanço da colheita e a identificação das perdas próximas a 15%, a oferta voltou a se equilibrar, com o mercado promovendo a valorização do produto. O preço médio atual é de R$ 90, com tendência de novas altas, devido à aproximação do término da colheita da safra de verão. De acordo com as informações do Centro de Informações do Feijão (CIF), no encerramento da primeira semana deste mês a oferta do feijão tipo carioca extra continuou escassa e segue com preços em torno de R$ 105 a R$ 110 a saca.
Perdas - Com a identificação das perdas, a produção foi reduzida e os agricultores voltaram a obter lucro com a atividade. "Ainda não é possível estimar as intenções de plantio para a segunda safra, que deverá ser cultivada no final de março. O atraso provocado no plantio da safra de verão em 2010, devido à estiagem, poderá impactar no plantio da segunda safra, devido à aproximação do período de seca, o que pode comprometer a produtividade da safra", disse o coordenador técnico regional da Emater-MG em Unaí, Álvaro Goulart.
Os preços do feijão, principalmente na região Sul do país, estão em queda devido ao aumento das importações do grão da China. De acordo com as informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos últimos três meses o Brasil importou cerca de 28 mil toneladas de feijão preto, o equivalente a 8% da produção total.
De acordo com Goulart, Minas Gerais ainda não sofreu perdas com o aumento das importações de feijão da China, pelo fato de o Estado cultivar a variedade carioquinha. "O produto proveniente da China é do tipo preto, por isso ainda não houve interferência nas cotações em Minas", ressaltou Goulart.
Em Unaí, principal município produtor de feijão do Estado, a colheita da primeira safra já ultrapassou 50% da área plantada. Em 2010, a produção de feijão no município chegou a 127,5 mil toneladas, em uma área de 48 mil hectares. A produtividade alcançou 2,65 toneladas por hectare.
Noroeste - A região Noroeste do Estado é a principal produtora do grão. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na safra passada cerca de 45% do feijão produzido no Estado foi colhido na região. A área ocupada gira em torno de 110 mil hectares, representando 26% do espaço destinado ao cultivo do feijão.
De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a primeira safra de feijão em Minas Gerais deve gerar cerca de 244,6 mil toneladas. O volume está 14,5% superior ao obtido com a safra 2009/2010. A área ocupada pelo feijão teve incremento de 2,9%, alcançando 195 mil hectares.
A maior rentabilidade proporcionada pela cultura ao longo de 2010 fez com que os produtores também elevassem os tratos culturais, o que favoreceu o aumento da produtividade em 11,3%. A expectativa é que sejam colhidas 1,255 tonelada por hectare na safra 2010/2011.
A produção das três safras no Estado, conforme a Conab, deve gerar 636,5 mil toneladas, alta de 2% sobre a produção da safra 2009/2010. A produtividade média das safras gira em torno de 1,497 tonelada por hectare. A área total terá acréscimo de 1,3%, chegando a 425 mil hectares. Minas Gerais é o segundo maior produtor do grão do país, ficando atrás apenas do Paraná.
Veículo: Diário do Comércio - MG