A Embrapa identificou a ocorrência de duas novas pragas de trigo no Brasil. Uma espécie de ácaro e uma de pulgão foram localizadas em diversas lavouras comerciais e passam a ser alvo de estudos antes mesmo de começarem a causar danos significativos ao produtor. A apresentação das pragas foi realizada nesta semana na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).
O ácaro eriofiídeo Aceria tosichella Keifer (Prostigmata: Eriophyidae), que já ocorria na Europa e na Ásia, foi detectado pela primeira vez na Argentina, em 2002. Como a dispersão dos ácaros ocorre através do vento, a entrada da praga no Brasil já era esperada pelos pesquisadores. Conforme o pesquisador Paulo Pereira, o ácaro foi encontrado em quatro municípios da região norte do RS.
O dano com o ataque do ácaro pode ser físico, comprometendo o desenvolvimento da planta quando em altas populações, mas o que preocupa os pesquisadores é que o ácaro pode ser vetor de uma virose ainda não detectada no Brasil.
O Vírus do Mosaico Estriado do Trigo (WSMV) é problema em países como Estados Unidos e Canadá, pois, apesar de não prejudicar o consumidor final, é argumento para imposição de barreiras sanitárias ao trigo no mercado internacional.
Uma reunião técnica marcada para o fim do mês vai discutir em Balcarce, na Argentina, a presença do ácaro na América do Sul e compartilhar os conhecimento sobre a evolução da praga.
A ocorrência do pulgão-preto Sipha maydis Passerini (Hemiptera, Aphididae) no Brasil chamou a atenção dos pesquisadores por ser uma praga exótica, originária da Ásia, pouco presente na América. O pulgão-preto foi encontrado em muitas lavouras no norte e oeste do RS, oeste de SC e sudoeste e centro-sul do PR.
Apesar de não ter sido registrado inseto parasitado, ou seja, não houve identificação de qualquer parasito natural, o pulgão-preto apareceu somente nas bordas da lavoura, não atacando grandes áreas e com pouca dispersão dos insetos. Aparentemente, a população do pulgão-preto não apresenta o mesmo crescimento de outras espécies de pulgão do trigo, que dispõe de controle biológico há quase 30 anos.
Em relação às duas novas pragas ainda não existem estudos conclusivos sobre a intensidade de dispersão e o ciclo de vida. Como ainda não foram comprovados danos significativos à produção tritícola, os pesquisadores reiteram que não há motivo para alarme, não sendo indicada a adoção de medidas de controle a campo. A Embrapa Trigo já está desenvolvendo pesquisas básicas e aplicadas sobre estes dois
Veículo: Canal Rural