Apagão portuário é ameaça ao crescimento do agronegócio

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O agronegócio brasileiro é um ilustre desconhecido da população, embora seja um dos maiores sucessos: sustentáculo do país e grande fábrica de mercado interno. Há 50 anos, o país dependia da importação de alimentos, mas hoje ocupa o segundo lugar como maior supridor do mercado externo.

 

Em números aproximados, o Brasil supre 33% desse mercado em soja, 40% em açúcar, 85% em sucos cítricos, 90% em etanol, 45% em carne de frango e tem o maior rebanho bovino do mundo.

 

O outro lado desse panorama: baixa apropriação de renda pelos produtores e pontos de pobreza no campo, apesar dos avanços. O problema está da porteira para fora: instabilidade jurídico-institucional, massacrante carga tributária e colapso logístico.

 

A mudança da geografia de produção consolidou nas áreas tradicionais do Sul e do Sudeste as atividades mais complexas, transferindo para o Centro-Norte/Nordeste e Centro-Oeste a responsabilidade de atender o mercado de grãos, de carne bovina e de produtos florestais.

 

Mas essas novas fronteiras padecem de infraestrutura de transportes, especialmente de portos. Isso obriga o envio de cargas para os congestionados portos de Santos, Paranaguá e São Francisco do Sul, rodando perto de 2.000 km.
Produtores do norte de Mato Grosso têm despendido mais de 50% do valor da soja em logística até um porto.

 

Por isso, o país deixa de produzir cerca de 3 milhões de toneladas de soja e milho na última safra. Inaceitável.

 

Para o Sul-Sudeste, o segmento de contêineres é ainda mais preocupante. Aumentar a exportação de carne de frango não mais depende da produção, mas, sim, de como tirar o produto do país.

 

É necessário alterar a atual política portuária -baseada no decreto 6.620/2008, que inibe os investimentos privados em terminais, quando o governo não terá capacidade financeira por vários anos.

 

A solução é urgente, mas, se adotada já, em quatro anos o quadro começará a ser revertido. Apagão nos aeroportos fotografa bem: pessoas dormindo no chão, passageiros vociferando contra funcionários inocentes.

 

O apagão elétrico é mais impactante: a fábrica para, a geladeira não funciona, o banho é frio, perde-se a novela. Já o apagão portuário é diferente, invisível, mas infinitamente mais perverso: apaga os empregos, destrói a renda, apodrece as contas externas.

 

A situação do colapso portuário não tem solução "de prateleira" e nos obriga a pelo menos duas reflexões: a) interessa, é justo para a sociedade brasileira prejuízos tão brutais?; b) até quando a soberania nacional prevalecerá diante das necessidades de um mundo faminto?

 

O Brasil precisa ter juízo para não se atrapalhar. As coisas devem ser postas no rumo certo, pois já se acredita ter havido a substituição do "carismatismo" pelo cartesianismo na gestão pública. Mas a jornada é longa, e as sequelas para a economia, muito grandes e irreparáveis.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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