Anúncio local é arma do Google em celulares

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Estratégia: Desafio para companhia é atrair publicidade ligada a busca

 

O Google atua em duas frentes de batalha na área de mobilidade. A mais evidente pode ser a disputa pelo mercado de sistemas operacionais para smartphones, com o Android. Existe, porém, um flanco menos conhecido, mas talvez mais importante para companhia: a venda de anúncios - a principal fonte de sustento do Google - nos celulares. O resultado até agora tem sido positivo: no terceiro trimestre de 2010, esse negócio atingiu receita de US$ 1 bilhão em 12 meses, o que estava previsto para ocorrer apenas neste ano. O desafio, no entanto, é enorme: fazer com que os anúncios relacionados a buscas na internet, a área dominada pelo Google na publicidade on-line, migre do computador para o celular.

 

Em visita ao Brasil, o diretor global de mobilidade do Google, Karim Temsamani, afirma que o mercado de publicidade em dispositivos móveis tem potencial "quase ilimitado" e vai crescer fortemente no mundo e no Brasil. "O mercado de smartphones cresce oito vezes mais rapidamente que o número de internautas e representa um grupo de pessoas que está com o dispositivo na mão o tempo todo. Seu potencial de uso como ferramenta de publicidade é enorme."

 

De acordo com dados da consultoria IDC, em 2010 as vendas mundiais de smartphone cresceram 74%, para 340,5 milhões de unidades. Temsamani observa que usuários desses dispositivos geralmente possuem um nível de renda mais alto e acessam mais vezes a internet. Nos Estados Unidos, 79% dos usuários usam o smartphone enquanto fazem compras para comparar preços. "É um momento em que a empresa pode usar a publicidade para fazer uma oferta ao consumidor, oferecer um cupom de desconto ou simplesmente informar que tem uma loja próxima do usuário."

 

Para Temsamani, tentativas anteriores de colocar publicidade em celular não deram certo no Brasil porque os anúncios eram entregues ao consumidor sem que ele pedisse. "Nesse caso é o usuário que busca a informação", afirma o executivo francês. O modelo, diz ele, é similar ao dos links patrocinados que as empresas compram para aparecer em buscas do Google.

 

O serviço de publicidade para dispositivos móveis do Google foi criado para atender não só aparelhos com sistema operacional Android, mas também plataformas como BlackBerry (da Research In Motion ou RIM), iOS (da Apple) e Windows Phone (da Microsoft). Os tipos de publicidade vão de links patrocinados em serviços de busca a banners em aplicativos de jogos.

 

O Google também incluiu a possibilidade de as empresas anunciarem ofertas e cupons de desconto no - o que resolve em parte a dificuldade da companhia em atuar nesse mercado. Em 2010, o Google chegou a oferecer US$ 5 bilhões para adquirir o Groupon, mas a proposta foi rejeitada. A nova linha de serviços também mostra porque a companhia adquiriu em 2005 a Dodgeball (que oferecia um serviço para celulares que permitia a localização de amigos em locais públicos e empresas).

 

Para o Brasil, Temsamani prevê uma rápida adoção desse novo tipo de publicidade. Ele observa que existem 20,1 milhões de pessoas com celulares com tecnologia de terceira geração (3G). O número de usuários de smartphones no país cresceu 177% no ano passado e o acesso à internet por esses dispositivos aumentou 600%. "O Brasil é o quinto mercado que mais cresce, perdendo para China, Estados Unidos, Rússia e Indonésia."

 

O site de vídeo Youtube, controlado pelo Google, fez transmissões ao vivo do Carnaval brasileiro neste ano, em parceria com Santander, Oi e L'Oréal, diz Temsamani. Em três dias, a página teve 11 milhões de acessos, sendo 1 milhão por celular. "Temos acordos de confidencialidade com os anunciantes, mas várias empresas brasileiras já apostam na publicidade em dispositivos móveis", afirma o executivo.

 

Esse tipo de publicidade gera receita para o Google e ajuda a incrementar os ganhos de desenvolvedores de software que aceitam a inclusão de links em seus aplicativos. Uma das empresas que já ganham com isso é a brasileira Best Cool & Fun Games, focada em jogos para celular. O sócio-fundador da empresa, Guilherme Schvartsman, diz que começou a produzir jogos para celular há um ano e hoje oferece 80 aplicativos para iPhone e smartphones Android. Um dos jogos teve, em um ano, mais de 1 milhão de downloads e gerou de US$ 2 milhões. "O aplicativo era gratuito - 80% da receita foi obtida com anúncios e os outros 20% com a venda de objetos virtuais", afirma Schvartsman.

 

O "Wall Street Journal" divulgou recentemente que o Google teria fechado parceria com o Citigroup e a Mastercard para usar o celular como meio de pagamento. O Google não ganharia com as transações, mas a partir delas poderia conhecer melhor os hábitos dos usuários do sistema Android. O software do Google já lidera o mercado de smartphones, com 32,9% de participação nas vendas globais. Temsamani não confirma o movimento, mas diz que a empresa atua em várias frentes para elevar sua receita.

 

O Google também pretende avançar em sistemas operacionais para tablets. Já existem 80 tablets no mundo com o sistema Honeycomb, criado pela empresa. Nesta semana, a Motorola anuncia um tablet com o sistema para América Latina, que pode chegar ao Brasil em abril.

 

Veículo: Valor Econômico


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